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Presidente da Comissão de Ética deixa cargo
Marcílio Marques Moreira anuncia saída após desgaste com o ministro Carlos Lupi; Sepúlveda Pertence será o sucessor
Comissão vê "conflito" no fato de Lupi ser ministro e presidir o PDT e orientou que Lula o demitisse, mas isso ainda não aconteceu
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de se envolver em um
desgaste com o ministro Carlos
Lupi (Trabalho), Marcílio Marques Moreira anunciou ontem
sua saída da presidência da Comissão de Ética Pública. Seu
substituto será o ex-ministro
do STF Sepúlveda Pertence,
eleito por unanimidade pelos
cinco membros da comissão.
Marcílio nega que sua saída
tenha relação com o mal-estar
vivido entre ele e Lupi: "Esse é
só mais um caso, entre tantos
outros". Diz que seu período
como presidente da comissão
se encerrou. "Faz parte da rotina da nossa comissão. A tradição tem sido a rotatividade".
Marcílio assumiu o cargo em
19 de março de 2007, quando o
mandato do então presidente,
Fernando Neves, terminou. Assumiu interinamente, "até a escolha do novo presidente". O
mandato do presidente da comissão tem um ano de duração,
renovável por mais um. Após 11
meses como presidente, Marcílio pediu afastamento do posto
e disse que não ficaria na presidência por mais um ano porque
seu mandato como membro
acaba em maio. O período de
permanência de cada membro
é de no máximo três anos. Marcílio assumiu em 2005.
Ao sair, Marcílio não encerra
o desgaste iniciado em 2007,
quando a comissão viu "conflito de interesses" no fato de Lupi ocupar ao mesmo tempo a
presidência do PDT e o ministério. Em 23 de dezembro, a comissão recomendou ao presidente Lula a demissão de Lupi.
Lula ainda não tomou nenhuma decisão sobre o caso.
Ao tomar posse, Pertence
afirmou que "espera uma decisão do governo". "A nossa decisão já foi tomada e aqui encerra
nossa missão", afirmou. "O que
posso dizer é que, dependendo
do resultado, caberá a cada
conselheiro decidir o que irá fazer." O comentário dá a entender que membros poderão pedir demissão caso Lula decida
pela permanência do ministro.
Na reunião de ontem, os
membros da comissão decidiram enviar ofício a Lupi, determinando um prazo de dez dias
para que se explique sobre três
casos envolvendo suspeitas de
favorecimento a pessoas e entidades ligadas ao PDT.
Na semana passada, a Folha
noticiou que ao menos 12 convênios assinados pelo Ministério do Trabalho autorizaram a
destinação de R$ 50 milhões a
entidades e pessoas ligadas ao
PDT. Outra reportagem da Folha mostrou que entidade ligada à Força Sindical, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, pleiteava
convênio no ministério para recolocar mão-de-obra em São
Paulo a um custo quase 100%
maior do que o gasto pelo governo paulista. Já "O Globo" levantou suspeitas da validade de
convênio de R$ 10,7 milhões
entre o Trabalho e a DataBrasil.
Centrais
Centrais sindicais entregaram ontem ao presidente Lula
uma nota pedindo a permanência de Carlos Lupi. O documento afirma que o ministro tem sido vítima de uma "explícita campanha difamatória, sofrendo uma implacável perseguição
política". A nota não foi assinada pela CUT. Segundo o presidente da central, Artur Henrique, a entidade se manifestará com nota defendendo o trabalho do ministro, mas não pedirá
sua permanência no cargo.
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