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Oposição quer ouvir Dilma na CPI e forçar Lula a liberar dados
Ofensiva do PSDB é reação a suposto dossiê produzido por atual governo sobre gastos sigilosos do ex-presidente FHC
Oposição responsabiliza ministra por vazamento de dados da gestão tucana; em carta-resposta, FHC autoriza divulgação de seus gastos
SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A existência de suposto dossiê produzido pelo Planalto detalhando gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) levou ontem
a oposição a exigir que todas as
despesas dele e do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e de
seus familiares sejam divulgadas. A oposição passou a responsabilizar a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) pelo vazamento do dossiê.
Hoje, tentará aprovar requerimento de convocação da ministra, até agora preservada pela CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) dos Cartões.
A cúpula do PSDB, que nos
últimos dias discutia a possibilidade de abandonar a CPI, recuou da idéia ao perceber que o
tema pode ser reaceso ao envolver Dilma e gerar a liberação
dos gastos da Presidência .
"Com esse vazamento, queremos que ela venha aqui dar as
explicações. Um dossiê como
esse não tem que ter sigilo porque tudo foi comprado com dinheiro público. Vamos abrir os
gastos do presidente Fernando
Henrique, dona Ruth, Lula, familiares, de todos", disse a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).
Como estratégia para constranger o governo e pressioná-lo a divulgar os gastos com cartões corporativos, o PSDB pediu a Fernando Henrique autorização para tornar públicas todas as despesas nas contas tipo
B -administradas por servidores e usadas para saques em dinheiro, gradualmente substituídas pelos cartões.
A pedido do líder do PSDB no
Senado, Arthur Virgílio (AM),
FHC encaminhou carta autorizando a divulgação de seus gastos e de dona Ruth Cardoso.
"É a única maneira de ambos
governos se livrarem de suspeitas que, no meu caso, são infundadas e espero que também o
sejam no caso do atual governo", escreveu o ex-presidente.
Na carta-resposta, lida no
plenário, FHC diz estranhar
que as apurações [da CPI] se
iniciem revisando contas do
seu governo aprovadas pelo
TCU (Tribunal de Contas da
União). "Nunca houve sigilo
nos gastos do gabinete da Presidência nos meus dois mandatos. (...) Se for para avançar as
investigações, não vejo inconveniente em que o PSDB peça
que a CPI tome conhecimento
das referidas contas."
A ofensiva tucana, para o relator da CPI, deputado Luiz
Sérgio (PT-RJ), é inócua. Com
maioria governista, ele não vê
possibilidade de as quebra de
sigilo serem aprovadas. "Se depender de mim, os requerimentos relacionados à divulgação de dados sigilosos ficarão
suspensos até que façamos debate sobre a necessidade ou
não de mantê-los sigilosos."
Se os requerimentos não forem aprovados (há 47 para serem votados, sendo que cerca
de 30 se relacionam à quebra de
sigilo), o PSDB pedirá a Lula
que siga o exemplo de FHC e
autorize a divulgação de dados.
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