São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Oposição quer ouvir Dilma na CPI e forçar Lula a liberar dados

Ofensiva do PSDB é reação a suposto dossiê produzido por atual governo sobre gastos sigilosos do ex-presidente FHC

Oposição responsabiliza ministra por vazamento de dados da gestão tucana; em carta-resposta, FHC autoriza divulgação de seus gastos

SIMONE IGLESIAS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A existência de suposto dossiê produzido pelo Planalto detalhando gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) levou ontem a oposição a exigir que todas as despesas dele e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus familiares sejam divulgadas. A oposição passou a responsabilizar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) pelo vazamento do dossiê.
Hoje, tentará aprovar requerimento de convocação da ministra, até agora preservada pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Cartões.
A cúpula do PSDB, que nos últimos dias discutia a possibilidade de abandonar a CPI, recuou da idéia ao perceber que o tema pode ser reaceso ao envolver Dilma e gerar a liberação dos gastos da Presidência .
"Com esse vazamento, queremos que ela venha aqui dar as explicações. Um dossiê como esse não tem que ter sigilo porque tudo foi comprado com dinheiro público. Vamos abrir os gastos do presidente Fernando Henrique, dona Ruth, Lula, familiares, de todos", disse a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).
Como estratégia para constranger o governo e pressioná-lo a divulgar os gastos com cartões corporativos, o PSDB pediu a Fernando Henrique autorização para tornar públicas todas as despesas nas contas tipo B -administradas por servidores e usadas para saques em dinheiro, gradualmente substituídas pelos cartões.
A pedido do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), FHC encaminhou carta autorizando a divulgação de seus gastos e de dona Ruth Cardoso.
"É a única maneira de ambos governos se livrarem de suspeitas que, no meu caso, são infundadas e espero que também o sejam no caso do atual governo", escreveu o ex-presidente.
Na carta-resposta, lida no plenário, FHC diz estranhar que as apurações [da CPI] se iniciem revisando contas do seu governo aprovadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). "Nunca houve sigilo nos gastos do gabinete da Presidência nos meus dois mandatos. (...) Se for para avançar as investigações, não vejo inconveniente em que o PSDB peça que a CPI tome conhecimento das referidas contas."
A ofensiva tucana, para o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), é inócua. Com maioria governista, ele não vê possibilidade de as quebra de sigilo serem aprovadas. "Se depender de mim, os requerimentos relacionados à divulgação de dados sigilosos ficarão suspensos até que façamos debate sobre a necessidade ou não de mantê-los sigilosos."
Se os requerimentos não forem aprovados (há 47 para serem votados, sendo que cerca de 30 se relacionam à quebra de sigilo), o PSDB pedirá a Lula que siga o exemplo de FHC e autorize a divulgação de dados.


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