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Casa Civil apura vazamento de dados sigilosos sobre FHC
Pasta afirma que informações saíram de um computador instalado no Planalto
Sistema de armazenamento só pode ser acessado por poucos servidores munidos de senha, diz nota; comissão terá 30 dias para apurar caso
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dados sigilosos de despesas
do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso vazaram de
um computador instalado no
Palácio do Planalto, a partir de
um sistema a que tem acesso
poucos servidores, informou
ontem, por escrito, a assessoria
da ministra Dilma Rousseff.
Em portaria publicada ontem do "Diário Oficial" da
União, Dilma fixa prazo de 30
dias para uma comissão de sindicância investigativa "apurar a
divulgação de informações sigilosas no âmbito da Casa Civil da
Presidência". A comissão criada ontem é formada por três
servidores públicos.
Em resposta a questões apresentadas pela Folha, a Casa Civil explicou que o Suprim (Sistema de Suprimento de Fundos), que armazena dados sigilosos de gastos da Presidência,
"somente" pode ser consultado
nas dependências do Planalto e
por um número reduzido de
servidores, "com senhas de
acesso e perfis diferenciados".
Com isso, torna-se impossível desconhecer a origem do
vazamento, que o próprio governo classificou de "prática
criminosa", no sábado.
A Casa Civil não informou
quantos nem quais seriam esses funcionários com acesso ao
Suprim, mas, em nota, apresentou um detalhe de como teria acontecido o vazamento.
Segundo a nota, teria havido
uma coincidência entre o vazamento e a digitação dos dados:
"Cabe ressaltar que a revista
["Veja'] publicou fragmentos de
relatórios impressos de processos referentes a contas tipo B,
que estavam sendo digitados".
Ou seja, os dados sigilosos
sobre despesas de FHC que vazaram ainda eram incluídos no
Suprim depois que o Congresso passou a investigar os gastos
com cartão corporativo do governo e quando a oposição insistia em quebrar o sigilo das
despesas do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
A Casa Civil mantém a versão de que a inclusão, no Suprim, de dados de despesas da
Presidência retroativos ao governo FHC cumpria uma "recomendação" do TCU (Tribunal de Contas da União).
A decisão do tribunal a que a
Casa Civil se refere, votada em
2004, apenas cobra um controle mais eficiente de acompanhamento das despesas de suprimentos de fundos.
O TCU não se manifestou
oficialmente ontem, mas insiste em que não determinou ao
Planalto alimentar o sistema
com dados do governo Fernando Henrique Cardoso ou mesmo a extração de dados do Suprim, como havia sido sugerido
em reunião do conselho político, com a presença do presidente Lula, na véspera.
De acordo com a equipe de
Dilma Rousseff, o sistema de
controle começou a ser alimentado em 2005 com dados do
governo Lula. E somente agora
estariam sendo digitados dados
referentes ao período entre
1998 e 2002.
Informações sobre despesas
de FHC, sua mulher, Ruth Cardoso, e assessores foram publicadas pela revista "Veja", em
sua última edição. A revista
afirma que o Planalto preparou
dossiê com gastos do governo
tucano com o objetivo de constranger a oposição nas investigações do uso dos cartões corporativos no governo Lula.
A Casa Civil nega a elaboração de dossiê, mas hoje acabou
confirmando ontem parte das
informações da revista.
A CPI dos Cartões insiste em
quebrar o sigilo dos gastos de
Lula, que é resguardado por ato
do Gabinete de Segurança Institucional, baixado em 2003.
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