São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Promotores do DF querem investigar bancos estaduais

Ministérios Públicos serão acionados para atuar no caso

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Promotores de Justiça do Distrito Federal anunciaram que começarão nas próximas semanas a acionar Ministérios Públicos de várias partes do país para que investiguem a possibilidade de que bancos estaduais tenham dispensado de forma irregular licitação para a contratação da Asbace (Associação Nacional de Bancos).
O primeiro a receber a documentação do DF será o Ministério Público de São Paulo, dizem os promotores, devido aos contratos firmados pela Nossa Caixa com a associação.
Formada por bancos públicos e privados, a Asbace diz que tem como missão "promover os interesses coletivos de seus associados junto aos poderes constituídos e às entidades".
Segundo promotores, vários bancos estaduais usaram contratos com a Asbace como "ponte" para obtenção de serviços de empresas privadas, sem a realização de licitação.
Eles fazem a ressalva de que os valores, os tipos de contrato e as circunstâncias variam de Estado a Estado. Entre os citados estão o Banco do Nordeste, o Banco da Amazônia, o Banco do Estado do Espírito Santo, o Banco do Estado de Santa Catarina e o Banrisul (RS).
"Temos certeza é que o crime de dispensa de licitação sem justificativa válida foi cometido. Quem se beneficiou, a gente não sabe", afirmou Alessandra Elias de Queiroga, do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas da Promotoria do DF.
Ela disse que só não começará o envio da documentação nas próximas semanas caso a Caixa Econômica Federal não aceite prorrogar a cessão de auditores que desde o ano passado ajudam na investigação.
A Asbace está sob suspeição desde junho de 2007, quando a Polícia Civil e o Ministério Público do DF deflagraram a Operação Aquarela, que resultou na prisão do ex-secretário-geral da associação Juarez Cançado. Na ocasião, apontou-se rombo de R$ 50 milhões dos cofres do BRB (Banco de Brasília).
O promotor Sergio Bruno Fernandes diz que a principal irregularidade se daria porque a Asbace se valeria de sua condição de associação sem fins lucrativos para permitir a dispensa de licitação, mas depois subcontrataria empresas privadas para a realização de serviços como compensação, impressão de cheques e montagem de máquinas de auto-atendimento.

Outro lado
Os representantes de bancos negaram irregularidade na dispensa de licitação para a contratação da Asbace.
"O Besc não tem nenhum contrato com a Asbace", diz a assessoria, segundo a qual a única relação existente é um convênio, de 1992, que permite aos clientes fora do Estado sacar e verificar saldos.
O Banrisul disse possuir só um contrato de valor baixo para que a Asbace o represente na Câmara de compensação bancária fora do Estado. O diretor jurídico e administrativo do Banco do Estado do Espírito Santo, Paulo França, afirmou que as dispensas de licitação estão de acordo com a Lei de Licitações e que as contas do banco são auditadas pelo TCE-ES.
A Nossa Caixa, a Asbace e os outros bancos citados na reportagem não se manifestaram. Anteriormente, a Nossa Caixa havia dito não ter detectado irregularidade em contratos com a Asbace.


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