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CONGRESSO EXPOSTO
Extra de deputado é maior que de executivos
Segundo consultores de RH, R$ 20 mil em benefícios, obtido por executivos de banco, é valor alto; na Câmara, adicional chega a R$ 60 mil
Lógica na esfera privada no país, dizem especialistas, obedece à relação entre benefícios e resultados,
para maior lucratividade
DA REPORTAGEM LOCAL
Os valores indiretos a que os
deputados federais brasileiros
têm direito são altos até mesmo
para executivos do mundo privado no Brasil, dizem consultores da área de recursos humanos ouvidos pela Folha. Eles
afirmam não conhecer exemplos de empresas que destinem
até mais de R$ 60 mil por mês
como ajuda extra.
O consultor Robert Wong
afirma que a técnica mais moderna utilizada pelas empresas
é oferecer um "menu" de benefícios. "Um exemplo comum. O
executivo ganha R$ 50 mil de
salário e até R$ 100 mil por ano
de benefícios. Ele pode escolher se quer gastar em clube,
passagem aérea, escola dos filhos. Esse cardápio serve para
adaptar a cada um." Segundo
ele, um valor considerado alto
para esses benefícios é R$ 20
mil por mês, conseguido por alguns executivos de bancos.
Informado dos números levantados pela reportagem para
a Câmara, afirmou: "Não conheço um presidente que tenha isso por mês. Nem dono de
empresa gasta isso".
Para o especialista Simon
Franco, os números são ainda
mais diferentes se "não se pensar só no topo dos executivos".
"Os benefícios não chegam
nem próximo de triplicar. E você tem de levar em conta as horas trabalhadas, os resultados
que são considerados nas empresas. Esse retorno está no salário, não em regalias."
Os dois consultores dizem
que, nas empresas, há uma relação maior entre resultados e
benefícios. "O mundo corporativo, especialmente em época
de crise, é cada vez mais controlado. Para cada centavo gasto precisa ter contrapartida,
ações, resultado, lucro. O livre-arbítrio de um político é incomparável." Segundo ele, há
exemplos de executivos que
gastaram milhares de reais em
vinho em jantar de negócios e
que foram demitidos por isso.
"O que a empresa tem é gastos por representação e há patamares definidos. Se você é
presidente, não vai ficar em um
motel de estrada, mas em hotel
cinco estrelas. As empresas
têm acordos com os grandes
hotéis. Seja como for, não pode
simplesmente sair e gastar
R$ 10 mil dólares em vinho."
Wong lembra que os executivos ganham bônus atrelados a
resultados, e não verbas fixas.
"Quando [um alto executivo] é
contratado, a empresa dá salário fixo mais bônus, que é atrelado à lucratividade. O cara tem
motivação a mais para aumentar o faturamento e reduzir os
custos. Há um ditado inglês
que diz que a compensação é o
que dita seu comportamento."
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