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Na Coréia, Lula elogia Legislativo e ganha máscara
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Enquanto o governo tentava
ontem forçar deputados e senadores a abafar a CPI dos Correios, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fazia elogios ao
Legislativo na Coréia do Sul.
Numa visita ao Parlamento
coreano, o petista disse: "Como
no Brasil e na Coréia, somos
[os políticos] muito criticados.
Mas nós sabemos a importância do Parlamento. É como eu
sempre disse: o Brasil seria pior
se não tivesse o Congresso".
Lula fez essa declaração numa reunião com parlamentares coreanos na Assembléia
Nacional, que visitou ontem à
tarde (madrugada no Brasil).
Nesse encontro, soube que um
dos partidos de oposição adota
um dos slogans petistas do passado: "Sem medo de ser feliz".
O presidente tem evitado
conversar com jornalistas neste
giro pela Ásia, iniciado na segunda-feira. Hoje segue para o
Japão, onde fica até sábado.
Lula cumpre extensa agenda
de encontros com autoridades
locais e muitos contatos com
empresários. Nos seus deslocamentos entre um compromisso e outro, sempre repete que
não vai falar porque está muito
cedo. "Ainda são seis horas da
manhã", disse ontem à tarde. É
que o fuso horário coreano está
12 horas à frente do brasileiro.
Quando uma repórter da TV
Record insistiu para que Lula
falasse, a resposta foi: "O Boris
Casoy ainda está dormindo",
numa referência ao apresentador do telejornal da emissora.
O presidente tem sido informado sobre o processo para
abafar a CPI dos Correios por
telefone por seu ministro da
Casa Civil, José Dirceu. Comenta pouco sobre os dados
que recebe com os outros integrantes da comitiva. Ao aparecer nos seus compromissos públicos, Lula comporta-se como
se seu governo não passasse
por uma crise política. No dia
anterior, ao discursar no 6º Fórum Global para Reinvenção
de Governo, um evento co-patrocinado pela ONU, pronunciou três vezes a palavra "corrupção". Em todas as ocasiões
no sentido de que é necessário
combater os atos ilícitos dentro
da administração pública.
Num café da manhã com importantes empresários coreanos ontem, segundo relato do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), o presidente disse
que não governa tomando decisões relacionadas à eleição de
2006 -quando ele pode concorrer à reeleição. Não mencionou os problemas de relacionamento com o Congresso.
Nos seus discursos, Lula tem
privilegiado o aspecto comercial de sua viagem. Fala que os
empresários devem acreditar
nos produtos brasileiros, que o
etanol é uma boa solução energética e que o Brasil pode exportar mais do que produtos
"in natura". Mas até o próprio
petista reconhece que o resultado, se aparecer, estará concretizado em "uns dez anos".
Na parte da tarde, o presidente recebeu no hotel Lotte, onde
se hospedou, um grupo de brasileiros que vive na Coréia -há
cerca de 300 no país. No encontro, recebeu vários pequenos
presentes típicos. É uma tradição em várias culturas orientais
presentear visitantes.
Um dos presentes foi um jogo de duas máscaras tradicionais da cultura coreana. Lula e
Marisa Letícia, sua mulher, colocaram os dois objetos na
frente do rosto e fizeram a alegria de cinegrafistas e fotógrafos, propiciando a imagem do
dia. Ao observar as feições da
máscara, o presidente disse:
"Parece comigo mesmo". Entre os outros itens que recebeu
também estava uma caixa de
ginseng coreano, tido como
"poderoso afrodisíaco", segundo o apresentador do evento.
Lula e Marisa sorriram.
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