São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Segundo levantamento feito pelo PSDB, verba atendeu a emendas parlamentares de 2004; PMDB foi o partido mais beneficiado

Governo libera R$ 12,2 mi em apenas um dia

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PSDB divulgou ontem um levantamento dos gastos do governo federal mostrando que só anteontem o governo liberou para emendas parlamentares um valor que representa 26% de tudo o que foi pago durante todo este ano.
Esse valor refere-se aos restos a pagar de 2004, já que a execução orçamentária deste ano está no começo. Só anteontem foram pagos para emendas R$ 12,2 milhões. Até então o governo havia pago em 2005 R$ 47,2 milhões. O partido que teve o maior volume de verbas liberadas anteontem foi o PMDB, com R$ 2,2 milhões, seguido pelo PT com R$ 2 milhões.
O PFL também divulgou levantamento mostrando que ontem o governo liberou verbas para emendas parlamentares de 18 deputados, em valores que representam mais de duas vezes tudo o que havia sido liberado desde o dia 20. Foram R$ 934 mil até a noite de ontem contra R$ R$ 392 mil do dia 20 até anteontem, de acordo com números pesquisados no Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais).
As emendas parlamentares representam gastos incluídos por deputados e senadores no Orçamento da União. As verbas são destinadas geralmente para obras e investimentos nos redutos eleitorais dos parlamentares.
Os R$ 934 mil de ontem foram distribuídos entre emendas de 18 deputados. Outros dez parlamentares haviam recebido verbas para suas emendas desde o dia 20.
Entre os beneficiados no Orçamento, todos são da base governista: nove do PMDB, oito do PT, quatro do PL, três do PP, três do PTB e um do PC do B. Oito dos 28 assinaram o requerimento que pedia a criação da CPI para apurar corrupção nos Correios.
Entre os deputados que tiveram emendas pagas está o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que teve R$ 23 mil liberados. Outro foi o petista Wasny de Roure (DF): R$ 14 mil. Dos oito peemedebistas que tiveram emendas pagas, só dois não assinaram o requerimento. Entre os que assinaram e foram contemplados estava o vice-presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), que teve R$ 23 mil liberados.
Líderes da base governista negaram que as emendas tenham sido usadas como moeda de troca. O fato é que, entre as várias promessas feitas por governistas ontem para que deputados tirassem seus nomes da CPI estava a de acelerar a liberação do dinheiro para as emendas parlamentares.
Além dos pagamentos, houve ainda um empenho de R$ 200 mil para emenda do deputado João Tota (PL-AC), que não assinou o requerimento para a CPI. Na segunda-feira, o governo anunciou o aumento do limite de gastos do Orçamento em R$ 700 milhões.


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