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Itamar diz que há "promiscuidade"
CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local
O governador de Minas, Itamar
Franco (PMDB), acha que o caso
do grampo revela uma "promiscuidade" entre setores do governo
e interesses privados nacionais e
internacionais e que cabe uma explicação pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o
assunto.
"A promiscuidade no caso das
privatizações sobretudo está permitindo que se venda o país e seus
interesses", afirmou Itamar ontem
em São Paulo.
O resultado do grampo ressuscitou o tom oposicionista do discurso do antecessor de FHC, que negou pretender uma aproximação
com o tucano. Itamar avaliou como "muito sério o envolvimento"
do presidente da República no
processo de privatizações e defendeu a apuração pelo Congresso e
Ministério Público.
Embora tenha sido evasivo ao
comentar a possibilidade de apoiar
uma tentativa de impeachment de
FHC, Itamar criticou o método
adotado pelo presidente na privatização das teles.
"Uma autoridade não pode influenciar nem para aumentar o
preço. Se for assim, não precisa de
leilão. Basta fazer consultas pelo
telefone", declarou o governador.
As revelações do grampo deram
gás para o projeto de Itamar de evitar a privatização de Furnas. "O
acordo com o FMI estabeleceu a
venda de geradoras de energia.
Querem entregar até os nossos rios
e Minas vai resistir a isso", disse.
Falando ao lado de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), com quem almoçou, Itamar cobrou explicações
diretas de FHC, a quem apoiou na
disputa presidencial de 94. "Essa
gente deve se explicar ao país e isso
não pode ser feito por porta-voz",
afirmou.
PMDB
O dia oposicionista de Itamar em
São Paulo começou com um discurso para cerca de 300 militantes
do PMDB estadual arregimentados pelo ex-governador Orestes
Quércia.
"Essa gente que está no governo
quebrou o país e Minas hoje é o
grande front de resistência à política econômica e social do presidente da República", discursou para
os quercistas, que lançaram com
Itamar e Paes de Andrade, ex-presidente nacional do partido, uma
campanha por um "novo PMDB" .
O governador mineiro defendeu,
mais uma vez, o afastamento imediato do PMDB do governo federal. Itamar se declarou favorável à
criação de um "movimento" para
combater FHC. "Vamos fazer isso
no PMDB ou fora dele", afirmou.
Ovacionado pelo que restou do
quercismo, Itamar comparou números de sua passagem pelo Palácio do Planalto com os ostentados
pela administração tucana.
Permitiu-se até uma divergência
pública com o anfitrião Quércia,
que momentos antes definira o PT
como "oposição consentida e o novo pelego da República".
Para o governador mineiro, na
construção do movimento para
enfrentar FHC não há lugar para
vetos. Quércia investiu contra o
governador Mário Covas
(PSDB)."Só um bunda-mole como
o Covas pode achar que as coisas
vão bem no país", atacou.
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