São Paulo, Quarta-feira, 26 de Maio de 1999
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Texto de Badan fala de pressão

ALESSANDRA KORMANN
do Banco de Dados

O médico-legista Fortunato Badan Palhares, responsável pelo laudo oficial da morte de Paulo César Farias e Suzana Marcolino, admitiu que os peritos sofrem pressão da polícia em texto publicado pela Folha em 1993.
Ele escreveu: "Os agentes que têm a responsabilidade de ser os olhos e os ouvidos da sociedade num caso de puro interesse social, estão administrativa e politicamente subordinados a organismos diretamente envolvidos com a perícia realizada. (...) O perito oficial deveria estar livre da tutela dos sistemas, isto é, das hierarquias que possam eventualmente pressioná-lo a ir em uma direção. De fato, não são raros os laudos superficiais ou incompletos. Se se buscar a razão de ser desses laudos, ver-se-á que (...) muito frequentemente é o poder de mando que está por trás deles".
O laudo elaborado por Badan Palhares no caso da morte de PC Farias e Suzana Marcolino sustentava a versão da Polícia Civil de Alagoas, de que Suzana teria matado PC e se suicidado em seguida.

Reabertura do caso
As investigações sobre o caso, que estavam paradas desde fevereiro de 1998, foram reabertas depois da publicação de reportagens da Folha em março com fotos mostrando erro na altura de Suzana apontada por Badan.
A altura, segundo o próprio Badan Palhares, foi importante para estabelecer a tese de suicídio de Suzana. Em 1997, ele havia escrito na Folha que "a altura de Suzana é fundamental. Estando errada, estará errado todo o resto".
Novo laudo feito pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a pedido da Secretaria de Segurança Pública e do Departamento Central de Polícia Civil de Alagoas, concluiu que Suzana Marcolino tinha entre 1,53 m e 1,57 m. De acordo com o laudo elaborado por Badan Palhares, a namorada de PC media 1,67 m.


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