São Paulo, sábado, 26 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Tucano preferia outros nomes do partido, mas cúpula pefelista insistiu em ter um nome de confiança na chapa

PFL contraria Serra e impõe Kassab como vice

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Contrariado com a indicação do candidato a vice em sua chapa, o ex-ministro José Serra, 62, lança-se hoje na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Em ato na Assembléia Legislativa, o tucano oficializa a entrada na eleição municipal dois anos após a derrota na campanha presidencial.
Ao lado de Serra, estará o pefelista Gilberto Kassab, 43, resultado da aliança entre o PSDB e o PFL, que também faz sua convenção hoje na sede do legislativo paulista. Ao todo, a coligação de Serra deverá ter mais de 13 minutos de programa eleitoral na TV, o segundo maior tempo, atrás apenas do da prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição.
Ex-secretário municipal de Planejamento da gestão de Celso Pitta entre 1997 e 1998, Kassab não era a primeira opção de Serra. O tucano preferia um nome com autonomia menor e contra quem não pesasse nenhuma suspeita.
Em 1998, a Justiça paulista cassou os direitos políticos de Kassab por cinco anos em processo por improbidade administrativa. Ele recorreu e a sentença foi suspensa pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Um novo julgamento, ainda sem data, será feito pelo Tribunal de Justiça paulista.
Nos últimos dias, Serra recorreu a correligionários, entre os quais o governador Geraldo Alckmin, para questionar a indicação do PFL. Aliados do candidato creditam ao governador a articulação com os pefelistas que acabou culminado no nome de Kassab. Passou pelas negociações, capitaneadas também pelo vice-governador Cláudio Lembo (PFL), a ampliação do espaço da sigla no governo paulista, onde tem duas secretarias.
Venceu, no entanto, a avaliação da cúpula nacional do PFL, principalmente a do presidente do partido, Jorge Bornhausen, que entendeu ser necessário ter um nome forte da máquina pefelista no cargo de vice. Caso Serra decida disputar o governo do Estado daqui a dois anos, Kassab, integrante da Executiva Nacional do PFL, assumirá a prefeitura.
Não estava nos planos do tucano ser candidato. Sua posição nas pesquisas de intenção de voto e a pressão do partido, que não tinha um candidato natural para a disputa paulistana, acabaram convencendo Serra a se candidatar.
Até o fechamento desta edição, não estava prevista a ida do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à convenção. Questionado ontem sobre sua participação no processo, FHC disse que não subirá no palanque de Serra.
"Depois que fui presidente, nunca mais subi em palanque. Acho que não é preciso subir em palanque para fazer campanha. É preciso apoiar. Eu vou apoiar [Serra] totalmente", disse.
Ex-ministro do Planejamento e da Saúde no governo FHC, Serra costuma creditar a sua derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial de 2002 ao discurso da mudança entoado então pelo petista, quando o tucano representava o candidato do governo federal.
Na disputa pela prefeitura, Serra deverá explorar como trunfo o discurso de oposição à atual administração. É a terceira vez que ele se candidata à Prefeitura de São Paulo. Participou das eleições de 1988 e 1996, ficando em quarto e terceiro lugar, respectivamente.


Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, da Folha OnLine


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