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ELEIÇÕES 2004
Tucano preferia outros nomes do partido, mas cúpula pefelista insistiu em ter um nome de confiança na chapa
PFL contraria Serra e impõe Kassab como vice
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Contrariado com a indicação do
candidato a vice em sua chapa, o
ex-ministro José Serra, 62, lança-se hoje na disputa pela Prefeitura
de São Paulo. Em ato na Assembléia Legislativa, o tucano oficializa a entrada na eleição municipal
dois anos após a derrota na campanha presidencial.
Ao lado de Serra, estará o pefelista Gilberto Kassab, 43, resultado da aliança entre o PSDB e o
PFL, que também faz sua convenção hoje na sede do legislativo
paulista. Ao todo, a coligação de
Serra deverá ter mais de 13 minutos de programa eleitoral na TV, o
segundo maior tempo, atrás apenas do da prefeita Marta Suplicy
(PT), candidata à reeleição.
Ex-secretário municipal de Planejamento da gestão de Celso Pitta entre 1997 e 1998, Kassab não
era a primeira opção de Serra. O
tucano preferia um nome com
autonomia menor e contra quem
não pesasse nenhuma suspeita.
Em 1998, a Justiça paulista cassou os direitos políticos de Kassab
por cinco anos em processo por
improbidade administrativa. Ele
recorreu e a sentença foi suspensa
pelo STJ (Superior Tribunal de
Justiça). Um novo julgamento,
ainda sem data, será feito pelo
Tribunal de Justiça paulista.
Nos últimos dias, Serra recorreu
a correligionários, entre os quais o
governador Geraldo Alckmin, para questionar a indicação do PFL.
Aliados do candidato creditam ao
governador a articulação com os
pefelistas que acabou culminado
no nome de Kassab. Passou pelas
negociações, capitaneadas também pelo vice-governador Cláudio Lembo (PFL), a ampliação do
espaço da sigla no governo paulista, onde tem duas secretarias.
Venceu, no entanto, a avaliação
da cúpula nacional do PFL, principalmente a do presidente do
partido, Jorge Bornhausen, que
entendeu ser necessário ter um
nome forte da máquina pefelista
no cargo de vice. Caso Serra decida disputar o governo do Estado
daqui a dois anos, Kassab, integrante da Executiva Nacional do
PFL, assumirá a prefeitura.
Não estava nos planos do tucano ser candidato. Sua posição nas
pesquisas de intenção de voto e a
pressão do partido, que não tinha
um candidato natural para a disputa paulistana, acabaram convencendo Serra a se candidatar.
Até o fechamento desta edição,
não estava prevista a ida do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso à convenção. Questionado ontem sobre sua participação
no processo, FHC disse que não
subirá no palanque de Serra.
"Depois que fui presidente,
nunca mais subi em palanque.
Acho que não é preciso subir em
palanque para fazer campanha. É
preciso apoiar. Eu vou apoiar
[Serra] totalmente", disse.
Ex-ministro do Planejamento e
da Saúde no governo FHC, Serra
costuma creditar a sua derrota
para o petista Luiz Inácio Lula da
Silva na eleição presidencial de
2002 ao discurso da mudança entoado então pelo petista, quando
o tucano representava o candidato do governo federal.
Na disputa pela prefeitura, Serra
deverá explorar como trunfo o
discurso de oposição à atual administração. É a terceira vez que
ele se candidata à Prefeitura de
São Paulo. Participou das eleições
de 1988 e 1996, ficando em quarto
e terceiro lugar, respectivamente.
Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, da Folha OnLine
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