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Exército irá apenas a áreas já vasculhadas no Araguaia
Comando diz que não há documentos que apontem novos lugares para buscas
Para Tarso, major Curió, que afirma que 41 guerrilheiros foram mortos após rendidos, deve ser procurado para ajudar a localizar os corpos
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A expedição comandada pelo
Exército que buscará em julho
os corpos de guerrilheiros do
Araguaia percorrerá apenas
pontos conhecidos e escavará
lugares já vasculhados em expedições anteriores.
A decisão foi tomada pelo comando do Exército. Como alega não ter documentos que
mostrem os locais onde os corpos foram enterrados ou abandonados, o Exército não poderia agora, segundo esse entendimento, apontar novos pontos
além dos já indicados por historiadores e relatórios de buscas
anteriores, realizadas por civis.
É judicial a ordem para o governo federal abrir os arquivos
da campanha do Araguaia e devolver às famílias os corpos dos
guerrilheiros desaparecidos.
Em 2003, a juíza Solange Salgado, da Justiça Federal em
Brasília, estipulou, em sentença de primeira instância, 120
dias para que sua determinação
fosse cumprida. Passados seis
anos, ainda não houve obediência à determinação judicial.
Por meio da AGU (Advocacia
Geral da União), o governo recorreu duas vezes, ao TRF (Tribunal Regional Federal) e ao
STJ (Superior Tribunal de Justiça). Perdeu nos dois recursos.
Sem ter mais como recorrer,
o Ministério da Defesa, em
maio, determinou ao Exército a
criação de um grupo de trabalho para as buscas.
Historiadores calculam que
cerca de 60 guerrilheiros do então clandestino PC do B foram
mortos, na primeira metade
dos anos 70, na região do Araguaia -sudeste do Pará, sul do
Maranhão e norte de Tocantins, à época Goiás. A guerrilha
rural foi reprimida por tropas
militares. Os corpos dos desaparecidos jamais apareceram,
exceto o de Maria Lúcia Petit
-morta em 1972-, desenterrada em Xambioá (TO).
Quatro regiões foram mapeadas para as próximas buscas: Xambioá (norte de Tocantins, a cerca de 500 km de Palmas), São Geraldo do Araguaia
(sudeste do Pará, a cerca de 600
km de Belém), a serra das Andorinhas (no Pará, entre São
Geraldo e São Domingos do
Araguaia) e a fazenda Bacaba,
na rodovia Transamazônica, no
trecho entre Marabá (PA) e a
divisa do Pará com Tocantins.
Outras ainda poderão ser
acrescentadas ao roteiro.
Haverá 14 áreas de escavação. Algumas são bem conhecido dos estudiosos, como o cemitério de Xambioá, a antiga
base militar da cidade, a reserva
indígena Sororó (PA) e a própria Bacaba, onde funcionava
na década de 70 uma espécie de
acampamento dos combatentes militares do Araguaia.
O Exército decidiu ainda que
não se envolverá com as buscas
diretas. A Brigada de Infantaria
de Selva de Marabá dará o
apoio logístico à expedição,
com suportes de comunicação,
transportes, alimentação, saúde e segurança. O trabalho de
busca e a escavação ficarão a
cargo de antropólogos forenses, geólogos, médicos legistas
e peritos criminais.
Os profissionais deverão ser
cedidos pela Universidade de
Brasília, pela Polícia Civil do
Distrito Federal, pela Polícia
Federal e pelo Museu Paraense
Emílio Goeldi, instituição de
pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia,
com sede em Belém. A ideia é
ter de 10 a 12 especialistas.
Haverá ainda observadores
convidados pela Defesa. Entre
eles, parentes de guerrilheiros.
Ontem, o ministro Tarso
Genro (Justiça) afirmou que o
militar Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, pode ajudar
na localização dos corpos.
Tarso disse que o depoimento do militar, segundo quem 41
guerrilheiros foram mortos
após rendidos, "confirmam os
depoimentos que têm sido dados pelos camponeses [da região, obrigados a ajudar os militares]". "Vamos procurar o Curió para colhermos, se ele quiser, um depoimento."
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