São Paulo, Sábado, 26 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTAS PÚBLICAS
Para o Tesouro, resultado negativo em R$ 756 mi era esperado
Governo federal registra o primeiro déficit do ano


da Sucursal de Brasília

O governo federal registrou déficit primário (quando despesas são maiores que receitas, sem incluir os juros da dívida pública) de R$ 796 milhões em maio, o primeiro resultado negativo deste ano.
O mercado financeiro reagiu mal ao resultado fiscal, divulgado pela manhã. Durante a tarde o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guimarães, declarou que se sentiu "surpreso" com a repercussão negativa. O índice Bovespa registrou baixa de 1,84%.
"Quando anunciamos a meta do acordo com o FMI, não dissemos que teríamos superávits (receitas maiores que despesas) todos os meses", disse.
Pela meta fechada com o Fundo Monetário Internacional, o setor público como um todo, incluindo também Estados, municípios e estatais, deve ter superávit de R$ 30 bilhões neste ano.
Desta vez a Previdência não é a única responsável pelo mau desempenho das contas públicas. O próprio Tesouro registrou déficit primário, de R$ 87,9 milhões, o primeiro desde o pacote fiscal de outubro do ano passado.
O déficit da Previdência foi de R$ 650,7 milhões, não fugindo do desempenho médio deste ano. A diferença é que, diferentemente de meses anteriores, desta vez o Tesouro não gerou um resultado positivo que fosse capaz de cobrir o déficit crônico da Previdência.
O Banco Central também registrou déficit, de R$ 57,3 milhões, fechando o resultado negativo de R$ 796 milhões do governo federal.
Dois fatores explicam o déficit do Tesouro: gastos nos ministérios e falta de receitas extraordinárias.
O item "outras despesas de custeio e de capital" somaram R$ 3,542 bilhões em maio, contra R$ 2,525 bilhões no mês anterior. Esses são, principalmente, os gastos dos ministérios com obras, investimentos e programas.
"Em abril houve um aperto muito forte. É sempre assim: em um mês a despesa fica lá em baixo e no outro mês aumenta. Quando há um aperto muito forte, há uma compensação no mês seguinte."
Guimarães afirmou que o resultado negativo também se deve à ausência de receitas extraordinárias em maio, como dinheiro de privatização e Imposto de Renda da declaração de ajuste.
O secretário sustentou que o déficit já era esperado e que, por isso, estava embutido nas projeções para o cumprimento das metas do acordo. Pelas estimativas do governo, o déficit de maio seria pouco maior que R$ 800 milhões.
"Não foi nenhuma surpresa", afirmou Guimarães, acrescentando que espera para junho um superávit superior a R$ 2 bilhões -em boa parte devido ao recebimento de receita da concessão do direito de explorar a telefonia.
Para o primeiro semestre, a meta do acordo com o FMI é um superávit primário de R$ 12,883 bilhões de todo o setor público, soma que Guimarães diz assegurar.
A meta do FMI não é comparável com os dados anunciados pelo Tesouro, que usa uma metodologia diferente no cálculo do déficit. Os números válidos para o acordo são divulgados pelo BC.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Emprego é a "grande batalha" do governo, diz FHC em SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.