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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /FUNDOS DE PENSÃO
Sérgio Rosa, presidente da entidade, rebate acusações feitas por Henrique Pizzolato, que se aposentou da diretoria do Banco do Brasil
Previ nega a interferência de Gushiken
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente da Previ, Sérgio
Rosa, 46, considerou absurdas as
acusações do ex-presidente do
Conselho Deliberativo da Previ
Henrique Pizzolato, feitas em entrevista à Folha, de que existia interferência política e governamental dentro do fundo.
Rosa negou qualquer influência
de seu amigo e ex-ministro Luiz
Gushiken. "Não existe interferência política e nem tomo as decisões de maneira isolada na Previ",
afirmou.
Em férias em Bariloche, na Argentina, com seus dois filhos, Rosa interrompeu por algumas horas o descanso desta semana para
rebater por telefone as acusações
de Pizzolato.
Ele considerou estranho que só
agora, depois de dois anos e meio
na presidência do Conselho Deliberativo da Previ, ele faça essas
acusações. "Sempre tivemos uma
relação correta, e ele nunca manifestou essas questões", disse Rosa.
Folha - Em entrevista à Folha, o
ex-presidente do Conselho Deliberativo da Previ Henrique Pizzolato
afirma que a atual diretoria do fundo ignora os participantes e tem fechado acordos para favorecer interesses políticos e governamentais.
O que o sr. diz a respeito disso?
Sérgio Rosa - Isso é um absurdo.
Não existe interferência política e
nem tomo decisões de maneira
isolada na Previ. A Previ tem seis
diretores, seis membros do conselho, muitos gerentes e técnicos,
que em sua maioria estão no fundo antes mesmo da chegada da
atual diretoria, e todas as decisões
são tomadas com base em pareceres técnicos.
Nesses casos envolvendo a área
de telecomunicações existem ainda outros cotistas, outros fundos
de pensão, as decisões são complexas e sempre com a contribuição de advogados. São decisões
que envolvem muita gente. É um
absurdo acreditar que decisões
envolvendo tantas pessoas possam ser tomadas com base na minha opinião exclusiva ou de um
ministro especificamente.
Folha - O sr. nunca procurou o ex-ministro Luiz Gushiken para tomar
decisões na Previ? Gushiken nunca
influenciou as decisões da Previ?
Rosa - A Previ sempre atuou
com autonomia. Todas as decisões foram tomadas com base técnica, com base no parecer dos
seus técnicos e nas decisões coletivas da diretoria e do conselho deliberativo, quando era o caso. A
Previ nunca sofreu qualquer tipo
de influência externa que quisesse
direcionar uma decisão do fundo.
Folha - A que o sr. atribui essas
declarações de Pizzolato?
Rosa - Trata-se de uma postura
equivocada dele. Todo mundo sabe que nós não somos responsáveis pela divulgação pública do
episódio entre ele e o Luís Eduardo Ferreira da Silva [o contínuo
que prestava serviços à Previ e que
sacou R$ 327 mil de uma conta da
DNA Propaganda no Banco Rural, em janeiro de 2004, a pedido
do Pizzolato].
Quem decidiu levar o caso para
a imprensa foi o próprio Duda
[como Luís Eduardo é chamado
na Previ]. Foi ele quem decidiu
dar entrevista e foi o próprio Pizzolato que decidiu confirmar as
declarações.
Folha - Pizzolato já tinha manifestado antes essas queixas?
Rosa - Pizzolato é presidente do
Conselho Deliberativo da Previ
desde o início de 2003. Sempre tivemos uma relação correta, e ele
nunca manifestou essas questões.
É estranho ele vir a fazê-lo agora.
Não fomos nós também que o
afastamos da Previ. Foi ele que o
fez ao pedir aposentadoria do
Banco do Brasil.
Folha - O que o sr. achou da explicação dada por Pizzolato a respeito
do saque feito por Luís Eduardo na
conta da DNA? [Pizzolato disse que
não se lembra de quem pediu a ele
que pegasse o pacote e nem a
quem ele entregou].
Rosa - Não quero comentar o fato. Nós só tomamos conhecimento do fato pela imprensa. Só mesmo as autoridades competentes
podem analisar melhor o fato.
Folha - Pizzolato diz também que
o acordo entre os fundos e o Citibank [chamado de put] precisa ser
investigado. Por que o acordo não
é divulgado?
Rosa - O conjunto de acordos
firmado por nós com o Citibank
foi bastante importante para o investidor brasileiro. Na semana
que vem, quando estiver de volta
ao Brasil, pretendo fazer uma exposição detalhada sobre o acordo.
Nós finalmente conseguimos
direito ao tag along [direito de receber o mesmo prêmio pago ao
controlador], uma coisa que reivindicamos há muito tempo do
Opportunity e nunca tivemos.
Esta inclusive é uma das razões
da nossa briga com o Opportunity. Eles não haviam contratado
o direito de tag along. Em qualquer venda que ocorresse, os investidores brasileiros ficariam
desprotegidos.
Folha - O valor do acordo [avaliado em US$ 200 milhões] não foi
muito alto?
Rosa - O valor foi calculado com
base numa avaliação técnica.
Além disso, é para ser exercido
apenas no final de 2007. Vale a pena dizer também que o acordo fechado recentemente entre a Telecom Italia e o Opportunity estabeleceu valores muito próximos ao
contratado por nós. No nosso caso, o put tem um valor mais relevante porque envolve efetivamente uma posição de controle
das empresas.
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