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SISTEMA FINANCEIRO
Recursos equivalem ao triplo do dinheiro do Proer
Socorro da União a bancos
estaduais chega a R$ 60 bi
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
O socorro aos bancos estaduais
já consumiu volume de recursos
da União calculado em R$ 60,303
bilhões. Esse valor equivale ao triplo do dinheiro injetado pelo
Proer, o programa destinado às
instituições privadas.
O Departamento da Dívida Pública do Banco Central acaba de
concluir um balanço completo
dos recursos efetivamente repassados pela União, desde julho de
97, em empréstimos para cobrir
prejuízos e deficiências patrimoniais dos bancos estaduais.
Até abril, a União havia emitido
R$ 52,439 bilhões em títulos públicos federais para levantar recursos destinados a bancos de 19
Estados.
Ainda aguardavam na fila os
bancos de outros três Estados,
que serão beneficiados com uma
injeção de R$ 896,74 milhões.
A conta se fecha com os empréstimos concedidos para o Estado do Rio de Janeiro, ocorridos
antes de ser criado o Proes (programa de socorro aos bancos estaduais).
O financiamento contratado
pelo Rio diretamente com o Banco Central soma R$ 3,880 bilhões.
Além disso, o Estado obteve
uma linha de R$ 3,088 bilhões,
com aval da União, para cobrir
despesas esperadas com o fundo
de pensão do Banerj.
A soma dos financiamentos
descritos acima equivale a três vezes os cerca de R$ 20 bilhões que
foram destinados pelo Banco
Central às linhas de socorro do
Proer.
Efetivamente gasto
Esse balanço recém-concluído
pelo BC difere dos anteriores porque não se baseia apenas nos valores contratados, e sim no que foi
efetivamente gasto.
Os valores contratados são menores que os do socorro efetivo
porque não consideram o efeito
entre o dia em que os acordos são
fechados e o da concretização das
operações de socorro.
O financiamento concedido para o Estado de São Paulo ilustra
bem a diferença representada por
esses encargos.
Na data da contratação, os encargos equivaliam a R$ 30,331 bilhões. Mas, quando a operação foi
concretizada, o valor do financiamento já havia subido para R$
36,126 bilhões.
No Proes, a União ofereceu financiamentos com juros subsidiados e prazos dilatados. Os benefícios são maiores se o banco é
privatizado, fechado ou transformado em agência de fomento.
Dos 33 bancos estaduais existentes antes do programa, devem
restar no máximo oito instituições. Duas delas não entraram no
programa, e seis receberam empréstimo para saneamento.
Financiamentos indiretos
A conta do socorro pode chegar
perto de R$ 100 bilhões, caso também sejam considerados os benefícios indiretos que os bancos estaduais tiveram com o refinanciamento das dívidas em títulos dos
Estados.
O bancos estaduais eram os
maiores detentores de títulos
emitidos pelos próprios Estados
controladores. Como esses papéis
foram federalizados, os bancos
estaduais saíram ganhando.
Esse socorro foi feito em duas
etapas. A primeira delas ocorreu
antes do Plano Real. O Banco
Central passou a trocar os títulos
estaduais por papéis de sua própria emissão, que têm maior aceitação no mercado. A segunda etapa ocorreu com o refinanciamento das dívidas dos Estados.
As trocas de papéis, que tinham
que ser renovadas periodicamente, passaram a ser definitivas com
a federalização. Nela, os títulos estaduais foram retirados de mercado e em seu lugar foram colocados papéis do Tesouro.
Os benefícios que a federalização concedeu aos bancos estaduais podem ser estimados em R$
42,366 bilhões.
Esse é o montante de títulos de
Estados que pertenciam aos seus
bancos e estavam na carteira do
Banco Central em novembro de
1997, um mês antes de ser concretizado o refinanciamento de São
Paulo, o maior de todos.
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