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COMUNICAÇÕES
Empresário de Minas afirma que Pimenta da Veiga e Carlos Melles induziram FHC a erro em concessão de TV
Ex-ministros são acusados de abuso de poder
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
A concessão de TV educativa
que o presidente Fernando Henrique Cardoso deu à fundação ligada ao deputado federal Carlos
Melles (PFL-MG), ex-ministro
dos Esportes, abriu uma guerra
na pequena cidade de São Sebastião do Paraíso, sul de Minas.
O empresário de radiodifusão
local, Antonino José Amorim,
proprietário da rádio Ouro Verde
e da retransmissora educativa TV
Paraíso, acusa os ex-ministros
Carlos Melles e Pimenta da Veiga
(PSDB) de terem induzido o presidente FHC a erro.
A concessão faz parte de um total de 357 concessões educativas
sem licitação autorizadas por
FHC em sete anos e meio de governo. A distribuição foi concentrada nos três anos em que Pimenta da Veiga esteve à frente do
Ministério das Comunicações. Ele
ocupou o cargo entre janeiro de
99 e abril de 2002. A maioria dos
casos é em Minas Gerais, base
eleitoral de Pimenta da Veiga.
Amorim afirma que sua emissora está no ar, autorizada por
portaria do Ministério das Comunicações, desde 1989 e que teria
direito à concessão.
Em maio de 2000, quando Melles era ministro dos Esportes, um
grupo de pessoas ligadas a ele
criou a Fundação Educacional e
Cultural do Sudoeste Mineiro para pleitear a TV. Um dos fundadores era o primo e assessor parlamentar de Melles, Giuliano
Gonçalves Melles, que afirma ter
deixado a entidade mais adiante.
O presidente assinou decreto
autorizando a concessão da TV
para a fundação em abril do ano
passado. A concessão foi confirmada pela Câmara em novembro
e pelo Senado, em dezembro, tornando-se definitiva.
Amorim afirma que havia entrado com o pedido de concessão
antes do ex-ministro dos Esportes, em 1998, quando o governo
baixou o decreto 2593 abrindo espaço para que os antigos retransmissores de TV educativa pleiteassem a concessão como geradores de programação.
"Abuso de poder"
Inconformado com a decisão,
Amorim divulgou, em março
deste ano, uma carta aberta ao
presidente acusando Melles e Pimenta da Veiga de "abuso de poder". Na carta, ele aponta as ligações entre os dirigentes da fundação e Melles e faz graves acusações
aos dois ex-ministros. ""Existiu
tráfico de influência, ingerência
do ex-ministro Carlos Melles, do
PFL, junto ao seu então colega, Pimenta da Veiga, que com ele foi
conivente e submisso, senão mal
informado por assessores."
Segundo Amorim, enquanto o
pedido de Melles caminhou a passos largos no ministério, o seu ficou engavetado. Ele diz ter cumprido todas as exigências locais
para pleitear a concessão.
Em 2001, outro decreto assinado por FHC e Pimenta da Veiga
deu prazo até maio do ano que
vem para que os antigos retransmissores de TV educativa se
adaptem à regulamentação atual.
Segundo Amorim, isso lhe dá o
direito de continuar em funcionamento com a licença de retransmissor até o maio do ano que
vem. Se não obtiver a concessão
antes disso, diz ele, entrará com
ação judicial contra Melles e Pimenta da Veiga.
O empresário diz que chegou a
oferecer metade das cotas da TV
Paraiso a Melles, em 2000, para
que desistisse do pedido de concessão, mas ele recusou a oferta.
Em seguida, resume, com uma
frase, a relação de ódio entre os
dois: ""O Melles é muito safado,
sem vergonha, desonesto, ambicioso. Foi lá em cima e falou com
o Pimenta".
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