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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lembo prevê a vitória de Lula e agrava crise com PFL
Bornhausen desdenha da afirmação: "Nunca vi o Lembo acertar previsão eleitoral"
Declaração de governador de São Paulo, que substituiu Alckmin no cargo, abre nova crise na campanha do presidenciável tucano
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
Cláudio Lembo (PFL), disse
ontem, em entrevista ao portal
da internet "Terra", que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá ser reeleito ainda no primeiro turno.
A declaração abriu nova crise
na campanha do antecessor de
Lembo no cargo, Geraldo Alckmin (PSDB), a presidente.
PSDB e PFL formam a coligação "Por um Brasil Decente".
Ontem à noite, o site da campanha de Lula trazia como
manchete "Até Lembo diz que
Lula deve vencer no primeiro
turno", reproduzindo trechos
da entrevista do pefelista, na
qual, questionado sobre a possibilidade de haver segundo
turno, pois Lula está 24 pontos
à frente de Alckmin segundo o
Datafolha, Lembo afirmou:
"No dia de hoje não . Não vejo
condições de haver segundo
turno nesse momento. Principalmente em razão da popularidade do governo. Uma coisa
incrível face a uma comparação
com os governos anteriores".
A mesma pesquisa Datafolha
mostrou que a avaliação positiva do governo Lula, de 52%, é a
maior desde o governo Sarney.
Lembo completou: "É um
momento difícil hoje para a
eleição. Acho que nós estamos
indo para a definição num primeiro turno".
A afirmação foi recebida com
espanto no núcleo próximo a
Alckmin, de quem Lembo foi
vice até abril deste ano. Ela
ocorre no momento em que o
candidato do PSDB tenta dar
uma arrancada na campanha
tentando levar a disputa para
um novo round, o que forçaria
uma polarização dele com Lula.
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC),
reagiu com ironia à declaração:
"Nunca vi o Lembo ter acertado uma previsão eleitoral. A notícia chega em boa hora".
Outro pefelista a reagir à declaração de Lembo foi o senador Antonio Carlos Magalhães
(BA). Segundo ele, o governador paulista "é um mero vice
que assumiu e errou ao não
aceitar a ajuda federal na área
de segurança. Prejudicou o Geraldo Alckmin". Disse que não
ficaria surpreso se Lembo "participasse de um próximo governo Lula se houver a reeleição".
O coordenador da campanha
de Alckmin, senador Sérgio
Guerra (PSDB-PE), foi mais sutil ao comentar o assunto, mas
não deixou de ironizar o governador. Segundo ele, nas questões eleitorais "é preciso ouvir
apenas os especialistas no assunto", insinuando que Lembo
está no cargo sem ter passado
pelo teste das urnas.
Para o líder do governo Lembo na Assembléia Legislativa
paulista, Edson Aparecido
(PSDB), um dos homens de
confiança de Alckmin, o episódio não chega a provocar uma
crise, mas desgasta a relação
entre os partidos.
O comando da campanha de
Alckmin e até uma parte do
PFL, que vinha criticando os
programas do tucano no horário eleitoral de TV, ficaram satisfeitos com as pequenas mudanças implementadas na noite de anteontem pelo marqueteiro Luiz Gonzalez, com mais
críticas ao presidente.
Uma nova fase da campanha
de rua terá início e irá privilegiar a Grande São Paulo e seu
entorno, onde o PSDB imagina
que pode tirar votos de Lula.
Amanhã, Alckmin deverá estar em São Bernardo do Campo, ao lado do prefeito William
Dibb (PSB). O próprio candidato tem manifestado reservadamente o temor de que as pesquisas desestimulem o PSDB.
Na segunda, a coordenação
da campanha se reúne da capital paulista, a contragosto do
senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB, que queria realizar o encontro em Brasília.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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