São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Para o relator, sessão de amanhã será a mais difícil

"Sociedade está com as vistas voltadas para o julgamento", diz Joaquim Barbosa

Principais decisões a serem tomadas envolvem Dirceu, Genoino, Delúbio e Sílvio Pereira, que escaparam de virar réus na última semana

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, relator do voto no caso mensalão, disse que "não está interessado em pressão política" e acredita que a sessão mais difícil do julgamento será amanhã, quando a Corte começa a apreciar a suposta prática dos crimes de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro na relação do grupo comandado pelo ex-ministro José Dirceu e a base aliada no Congresso.
"A parte mais trabalhosa, digamos assim, vai ser a de segunda-feira, [quando o plenário do STF vai apreciar] o item seis, porque é a parte a mais complexa, envolve um grande número de pessoas, partidos. É realmente a parte mais robusta da denúncia", afirmou Barbosa.
Na denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, além de Dirceu, são acusados o petista José Genoino, os ex-dirigentes do partido Silvio Pereira e Delúbio Soares, além de políticos de PL (hoje PR), PTB e PMDB. Até agora, o Supremo avaliou só 33% das acusações que pesam contra os 40 denunciados.
"Muito cansado", como ele afirmou, Barbosa estava em sua casa em Brasília quando falou à Folha, por telefone.
Sobre o andamento do julgamento de maior repercussão política da história do STF, disse: "Está dentro das previsões. Está indo tudo bem. As dificuldades naturais do caso estão sendo superados, a começar da complexidade". Classificou como complexidade o grande número de denunciados e a quantidade de crimes. "As imputações são inúmeras, se entrelaçam, uma pode influir na outra. Vários dos denunciados são acusados por vário crimes. Todos esses detalhes fazem um caso intrincado."
Questionado sobre a força da pressão política sobre o voto dos ministros do STF, respondeu: "Não me interessa".
Em seguida, relatou o que chamou de "aspecto inusitado" que notou sobre o julgamento. "Normalmente os julgamentos do Supremo, em questões, assim, momentosas, fazem com que o plenário fique lotado. O contraste que estou sentindo neste julgamento é que o plenário não está lotado, mas a sociedade está com as vistas voltadas para o julgamento." E completou: "É um grande momento cívico, de cidadania, uma espécie de sinergia entre a Corte, o Poder Judiciário, e a sociedade".
Barbosa não comentou as mensagens dos ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia, que trocaram impressões sobre o julgamento, revelaram bastidores sobre a sucessão de Sepúlveda Pertence e criticaram colegas. "Não quero falar sobre isso, não vou botar lenha nessa fogueira."


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