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Conselho sofre baixas e Suplicy ataca Sarney
Petista mostra cartão vermelho ao presidente do Senado, mas fica desorientado ao ser questionado por seguir ordens de Lula
A saída do DEM e do PSDB do Conselho de Ética teve um efeito mais político do que prático, mas impediu Casa de retomar seus trabalhos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de absolvido de 11
acusações na semana passada,
o presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), enfrentou
ontem mais um dia negativo. A
oposição o boicotou e o senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu
a saída do peemedebista em
discurso no plenário no qual
exibiu um cartão vermelho.
O clima ficou pesado no Senado no início da tarde, quando
a oposição se recusou a participar de uma reunião com Sarney. O encontro seria para discutir a pauta da Casa.
Os senadores oposicionistas
também renunciaram às vagas
a que tinham direito no Conselho de Ética. Foi uma forma de
protestar contra a permanência do presidente do Senado na
cadeira. Tucanos renunciaram
às três vagas a que têm direito
no colegiado- duas de titulares
e uma de suplente. O DEM renunciou às seis vagas -três de
titulares e três de suplentes.
No início da noite as coisas
pioraram. Eduardo Suplicy subiu à tribuna e, de maneira teatral, pediu a renúncia de Sarney. Levantou com a mão direita um cartão vermelho, numa
alusão à expulsão de um jogador indisciplinado durante
uma partida de futebol.
Em seu discurso, anunciado
desde o início da tarde, Suplicy
pretendeu marcar posição diferenciada em relação ao PT. O
partido foi enquadrado pelo
Planalto e ajudou na absolvição
de Sarney. O petista foi apoiado
por Cristovam Buarque (PDT-DF), que sugeriu que os brasileiros usassem um cartão vermelho no bolso em protestos.
Foi um ato de marketing calculado de Suplicy: avisado por
sua assessoria que a cena não
tinha sido registrada por alguns
fotógrafos, o petista levantou
mais algumas vezes o pequeno
pedaço de cartolina vermelha.
A seguir compareceu ao plenário o senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Ele questionou a
sinceridade de Suplicy, dizendo
que ele apenas dava satisfação
pública porque o governo obrigou o PT a salvar Sarney.
Suplicy ficou alterado. Com a
face vermelha, batendo a mão
no apoio à sua frente, começou
a responder aos gritos. Disse
estar sendo sincero ao pedir a
renúncia de Sarney. Foi quando Heráclito o apertou: perguntou se o cartão vermelho também seria dado ao presidente
Lula, que comandou a operação
na qual o PT ajudou a engavetar
as acusações contra Sarney.
Desconcertado, Suplicy não
respondeu a Heráclito. Disse
seguir orientações de Lula. "Ele
[Lula] mencionou que a ética
para o PT é importante, a minha crítica leva em consideração a sua recomendação feita",
disse o petista, que recebeu um
copo de suco de maracujá.
De petistas, estavam presentes Flávio Arns (PR), que já
anunciou a intenção de deixar o
partido, e João Pedro (AM). O
líder Aloizio Mercadante (SP)
passou o dia em São Paulo e
também não assistiu a Suplicy
pedir a renúncia de Sarney.
O episódio do cartão vermelho foi a conclusão de um dia
ruim para Sarney -que não estava no plenário quando Suplicy o atacou. A renúncia coletiva de nove senadores de oposição no Conselho de Ética teve
um efeito mais político do que
prático, mas dominou as discussões e impediu o Senado de
voltar ao trabalho normal.
O gesto da oposição também
colocou em pauta a discussão
sobre mudanças no conselho.
Até governistas apoiam essa alteração. O próprio Sarney já defendeu, em artigo publicado na
Folha, a extinção do órgão.
Nesse caso, passaria a ser atribuição do STF julgar os senadores. A tendência é que o órgão continue existindo, mas
com outro formato.
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