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GRAMPO NO BNDES
Coronel Maurício Garcia, hoje deputado, entregou lista com nomes ao general Alberto Cardoso
"Guerra" de espiões revelou suspeitos
ELVIRA LOBATO
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
A lista de suspeitos de terem
instalado o grampo telefônico na
presidência do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) por ocasião
da privatização da Telebrás chegou ao conhecimento da Polícia
Federal, no final do ano passado,
graças a uma disputa entre facções da chamada ""comunidade
da informação".
A Folha apurou que um coronel
reformado do Exército redigiu a
lista e fez com que chegasse ao delegado Rubens Grandini, responsável pelo inquérito do grampo na
Polícia Federal. A lista apontava
os nomes dos supostos mandantes e dos operadores.
Na mesma ocasião, o coronel
Maurício Garcia, hoje deputado
federal (PSDB-RJ), entregou uma
lista semelhante ao general Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar.
Os nomes foram apontados por
ex-agentes dos órgãos de informação do regime militar (1964-85) que hoje vivem de espionagem e escuta clandestina.
Os nomes dos suspeitos só foram revelados porque há uma
guerra entre os grupos (sobretudo vendedores de equipamentos)
que atuam no ramo e que têm o
mapeamento completo dos que
fazem grampo telefônico no Rio.
Segundo a versão desses agentes, apenas quatro pessoas no Rio
seriam capazes de fazer o grampo
no BNDES. O coronel que forneceu a lista à PF chegou ao nome
do detetive Adílson Alcântara
-ex-agente do Cenimar (Centro
de Informações da Marinha)-
depois de receber a informação
de dois informantes.
Um deles teria sido Waldeci Alves de Oliveira, ex-funcionário da
Telerj que hoje presta serviços para a Polícia Civil.
Em depoimento prestado ao
delegado Grandini, em junho
deste ano, Waldeci disse ter sido
procurado por Adílson no final de
97 com a proposta de fazer o
grampo no BNDES. Afirmou ter
recusado, mas não guardou sigilo
sobre a oferta, que chegou ao conhecimento de outros agentes.
Entre as informações repassadas ao governo, consta que o
grampo no BNDES custou R$ 10
milhões, divididos entre todos
que participaram da operação.
Em entrevista à Folha em agosto, Adílson Alcântara deu uma informação que confirma parte da
versão que vazou para a PF.
Ele disse que o grampo no
BNDES teria sido encomendado
em dezembro de 97 e que tinha
fim comercial, ou seja, obter informações privilegiadas sobre a
privatização da Telebrás.
Nas duas listas de suspeitos figura o nome de Temílson Resende, o Telmo, analista de informação da Subsecretaria de Inteligência Militar no Rio de Janeiro que
está com prisão preventiva decretada e foragido.
Por essas versões, coube a Telmo "inteligenciar" as fitas, o que
significa, no jargão do meio, editar o material, eliminando os silêncios e os diálogos que não tenham relação com a espionagem.
Investigação
O delegado Rubens Grandini
viajou para Brasília na semana
passada para colher informações
sobre Gersy Firmino da Silva,
coordenador de Operações da
Subsecretaria de Inteligência do
Gabinete Militar.
Em depoimentos prestados à
PF, Firmino da Silva havia dito ter
encontrado as fitas do grampo
debaixo de um viaduto, a partir
de telefonema anônimo.
Grandini investiga a possibilidade de a versão ser falsa. O delegado passou um dia em diligências em Brasília.
Colaboraram Ronaldo Soares e
Letícia Kfuri, da Sucursal do Rio
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