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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Escândalo faz Lula estudar sua ida a debate na TV Globo
Presidente é o único candidato que ainda não confirmou participação em encontro
Aliados de petista temem por confronto com Heloísa Helena; desempenho ruim também poderia elevar a chance de segundo turno
KENNEDY ALENCAR
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar dos sinais públicos de
que evitaria debates no primeiro turno, a crise do dossiê levou
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva a considerar seriamente a possibilidade de ir ao confronto entre presidenciáveis da
TV Globo, marcado para depois
de amanhã, no Rio de Janeiro.
Segundo um integrante da cúpula da campanha, a possibilidades de Lula ir ao evento estava ontem em "70%". Na semana passada, era de "50%".
Se faltar, Lula será atacado
pelos adversários, que ganharam munição com a tentativa
de petistas de comprar um dossiê contra o candidato tucano
ao governo de São Paulo, José
Serra. Se comparecer, o presidente teria como rebater ataques: mostraria que não teme o
escândalo do dossiê nem teria
nada para esconder.
A Folha apurou que a campanha de Lula não chegou ainda aos "100%" de confirmação
por três motivos. O principal é
o temor de uma forte agressão
da senadora Heloisa Helena
(PSOL), que, na visão petista,
seria capaz de um ato de forte
constrangimento para Lula.
Segundo motivo: deixar
aberta a possibilidade de desistir, se for conveniente para a
estratégia de tentar vencer no
primeiro turno (domingo).
Por último, a campanha do
presidente avalia que uma negativa em cima da hora seria
menos desgastante politicamente. Dizer sim agora fecharia a chance de recuo. Dizer
não equivaleria a noticiário negativo antecipado, inclusive
com a contrariedade da principal rede de TV do país.
Reconsideração
Um sinal de que cresceu a
chance de o presidente ir ao debate foi o cancelamento de um
evento amanhã. Lula teria assim mais tempo para se preparar. Na quinta-feira à noite, hora do debate, está previsto um
comício de encerramento da
campanha em São Bernardo do
Campo (SP), mas Lula pode
cancelá-lo na última hora.
Além de Lula e de Helena estão convidados os candidatos
Geraldo Alckmin (PSDB) e
Cristóvam Buarque (PDT). Só o
petista ainda não confirmou
sua presença. Auxiliares de Lula analisaram as declarações de
Helena ao longo da campanha.
Acham que ela poderia chamá-lo de "ladrão" ou dizer que "tem
vontade de vomitar ou cuspir"
nele, no PT e no governo federal. Simbolicamente, dizem os
assessores, isso seria péssimo
para a imagem presidencial.
Além do "fator Helena", um
eventual desempenho ruim poderia elevar a chance de segundo turno. Mas Lula tem se mostrado confiante e avaliado que
as regras não permitirão massacre. Outra vantagem de comparecer ao debate seria marcar
diferença com o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso,
tucano como Alckmin. Lula poderia dizer ao candidato do
PSDB que Fernando Henrique
Cardoso se recusou a debater
com os demais candidatos em
1998, mas ele não.
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