São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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Procuradoria investiga atuação de ex-diretor do Banco do Brasil

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

O procurador da República em Cuiabá (MT) Mário Lúcio Avelar disse ontem que será investigada a possibilidade de que ex-diretor de Gestão e Risco do Banco do Brasil Expedito Veloso tenha usado o cargo para levantar dados bancários contra o empresário Abel Pereira, supostamente ligado ao ex-ministro Barjas Negri, do governo Fernando Henrique Cardoso: "É possível. Não há como afirmar concretamente".
Um extrato de conta corrente -emitido pelo BB no dia 14 passado, quando era negociado em Cuiabá dossiê contra tucanos- reforça a suspeita contra Expedito. Os indícios de que Abel teria recebido propina consistem em extratos da movimentação financeira de empresas de Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas. Os extratos foram entregues por Vedoin à Justiça e à revista "IstoÉ" no dia 14.
Com base nas informações, a revista publicou reportagem dizendo que Abel recebia propina por terceiros para liberação de verbas do Ministério da Saúde, na gestão de Barjas.
Vedoin afirmou que Expedito, ainda no cargo, estava presente na entrevista dada à revista em Cuiabá -no mesmo dia da emissão do extrato do BB que comprova transferência de R$ 20 mil para pessoa supostamente ligada a Abel. Vedoin mostrou outros três extratos, mas não há a data da emissão. Ele diz que conseguiu as cópias com o BB, e não com Expedito. A transação com os R$ 20 mil ocorreu em janeiro de 2003. Vedoin disse que requereu os extratos antigos ao BB.
Segundo o procurador da República, Expedito entregou no depoimento que deu à PF na sexta-feira em Brasília cópias de cheques das supostas transações de Abel. Isso, diz Avelar, mostra que o ex-diretor tinha mais dados do que os fornecidas por Vedoin à Justiça.
"Fui [a Cuiabá] para cumprir função técnica. [Explicar] depósitos de pessoas indicadas por Abel Pereira", justificou Expedito em depoimento à PF.

BB
O BB informou ontem que levantamento preliminar feito pela área de gestão de segurança da instituição mostra que Expedito Veloso não acessou "diretamente as contas divulgadas na imprensa".
Em depoimento à Polícia Federal na sexta-feira, Expedito Veloso disse que, ao longo da negociação com a família Vedoin para obter o dossiê contra Serra, o empresário Valdebran Padilha assumiria a responsabilidade de pagar R$ 1 milhão.
Segundo ele, em seu encontro com Darci Vedoin, Luiz Antonio Vedoin e Valdebran Padilha, disse "que tinha em sua posse a relação dos pagamentos feitos a Abel [Pereira] ou em seu nome, e iria apresentá-los à Justiça de qualquer forma, e, fazendo isso, os Vedoin perderiam o benefício da delação premiada; que, em vista disso, o declarante teve a sensação de que os Vedoin não iriam discutir mais sobre dinheiro".


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