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ELEIÇÕES 2006 / PARANÁ
TRE nega a Requião censura contra reportagem da Folha
Peemedebista pediu liminar para barrar texto sobre araponga que atuava no governo
Coordenação de campanha de governador solicitou ainda a quebra de sigilo telefônico de repórteres que cobrem caso das escutas
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A coordenação jurídica da
campanha à reeleição do governador licenciado do Paraná,
Roberto Requião (PMDB), tentou impedir a publicação de
uma reportagem da Folha ainda em apuração pelo repórter
Rubens Valente e tentou convencer o Ministério Público a
pedir à Justiça a quebra de sigilo telefônico da correspondente da Folha em Curitiba, Mari
Tortato, e de mais três jornalistas da "Gazeta do Povo".
Todas as investidas da Coligação Paraná Forte (PMDB-PSC) buscaram proibir na imprensa notícias da investigação
da PIC (Promotoria de Investigações Criminais) sobre uma
suposta quadrilha de arapongas que tinha como líder o policial civil e ex-assessor do governo Délcio Augusto Rasera,
que está preso.
O caso envolve pessoas do
primeiro escalão do governo
Requião na investigação.
A tentativa de impedir a publicação da reportagem da Folha foi negada pela Justiça
Eleitoral no domingo. O juiz
Munir Abagge, do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), disse
que conceder a liminar pedida
pela campanha de Requião seria "gritante censura prévia".
A coligação e o secretário-geral do PMDB-PR e candidato a
deputado estadual, Luiz Cláudio Romanelli, ingressaram no
sábado no TRE com um pedido
de tutela inibitória para impedir a publicação de uma reportagem de Valente sobre um
conjunto de escutas, supostamente ilegais, atribuídas a Rasera. Numa das gravações, Romanelli, presidente licenciado
da Cohapar (Companhia de
Habitação do Paraná), conversa com outro integrante do governo. O diálogo envolve o nome de Requião.
O repórter da Folha telefonou para Romanelli na sexta
para ouvir sua versão sobre as
interceptações. No sábado à
tarde, a coligação protocolou o
pedido de tutela inibitória da
notícia. O pedido de liminar
tentou ainda estender a proibição à publicação de outras reportagens que envolvessem
documentos que a coligação
considera "obtidos ilicitamente", por quebrar o segredo de
Justiça da investigação.
"Não é de se supor, como
querem fazer crer os representantes, que um jornal desta respeitabilidade, desta projeção
nacional, apresente reportagens ilícitas, obtidas ilicitamente, e que as divulgue também com o propósito ilícito. A
Constituição Federal estabelece o direito à liberdade da imprensa sem censura de qualquer natureza", disse o juiz.
Por decisão editorial -e sem
saber do pedido de liminar-, a
Folha publicou no domingo
outra reportagem envolvendo
o policial Rasera e suas ligações
com o governo Requião.
Sigilo telefônico
A operação para tentar inibir
o trabalho da imprensa sobre o
caso Rasera teve um primeiro
lance na sexta. Em nome da coligação pró-Requião, o advogado Cezar Eduardo Ziliotto protocolou na Corregedoria Geral
do Ministério Público um pedido de providências ao procurador-chefe, Ernani de Souza Cubas Jr., para que fosse à Justiça
pedir a quebra de sigilo telefônico da repórter da Folha e de
Caio Castro Lima, Karlos Kohlbach e Celso Nascimento, da
"Gazeta do Povo", sob o argumento de que informações e
documentos resguardados pelo
sigilo de Justiça vazaram.
O pedido de providências
acusava ainda os jornalistas de
"agir ilegalmente para obtenção de prova ilegal" e dizia que
as notícias do caso Rasera se
prestam a ataques no programa eleitoral gratuito do candidato do PDT ao governo, Osmar Dias, contra Requião.
Depois de sugerir que o vazamento ocorre no Ministério
Público, a coligação também
pede a quebra do sigilo telefônico dos promotores envolvidos na investigação.
Ontem o corregedor do Ministério Público do Estado informou que o pedido de providências não foi analisado porque o advogado esqueceu de
juntar aos documentos uma
procuração de que representa a
coligação pró-Requião.
Denúncias
A PIC protocolou ontem na
Justiça duas denúncias contra
a suposta quadrilha de grampos
ilegais. De 20 pessoas denunciadas, uma detinha cargo no
governo Requião: o presidente
da Imprensa Oficial do Estado,
João Carlos de Almeida Formighieri. Rasera foi denunciado
como chefe da quadrilha.
Ele também foi denunciado à
Vara de Inquéritos de Curitiba
sob acusação de posse ilegal de
armas de fogo. A Folha não localizou os advogados de Rasera
e Formighieri ontem.
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