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QUE REI SOU EU?
Candidato petista dá autógrafos e tira fotos ao lado de passageiros em vôo de São Paulo para o Rio de Janeiro
Lula é mais assediado que Pelé durante viagem
LILIAN CHRISTOFOLETTI
MOACYR LOPES JÚNIOR
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
O presidenciável Luiz Inácio
Lula da Silva e o ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, o
Pelé, dividiram ontem o mesmo
vôo na ponte-aérea São Paulo-Rio, mas o petista roubou a cena
e concentrou todos os assédios,
ofuscando o rei do futebol.
Eles viajaram juntos durante
cerca de 50 minutos, mas não se
encontraram.
Na segunda fileira do avião,
Lula ocupou uma poltrona no
corredor e sua mulher, Marisa,
na janela -ficaram separados
por uma poltrona. Pelé, com um
boné preto, entrou pela porta
traseira e se sentou na penúltima
fileira, ao lado da janela, acompanhado por dois amigos.
A Folha acompanhou com exclusividade a viagem de Lula.
O assédio começou já na chegada ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 10h30.
Mulheres e homens engravatados pediram autógrafos e fotos
ao lado do presidenciável. Protegido por cinco seguranças, Lula
foi acompanhado por vários
simpatizantes, ainda perplexos
com sua presença. "Quem diria,
o Lula com seguranças", comentou um dos funcionários do aeroporto, responsável pela limpeza, que não quis se identificar.
O assédio continuou quando
entrou na sala reservada para o
embarque. Lula conversou com
assessores e brincou com as pessoas. "Vai queimar", disse a uma
mulher que pediu para ser fotografada ao lado dele.
Na hora de entrar em uma van,
reservada exclusivamente para
levar Lula e sua equipe ao avião,
um incidente: o petista havia
perdido sua pasta de mão e, de
forma repentina, saltou do carro
perguntando pela mala. Prontamente, seguranças e assessores
retornaram ao saguão, de onde
voltaram com a pasta de couro,
que havia sido esquecida na lanchonete.
O contratempo serviu como
estímulo a cerca de 20 despachantes e auxiliares de pista que
pediram para ser fotografados
ao lado do candidato. Logo em
seguida chegou o marqueteiro
do PT, Duda Mendonça, atrasado, que entrou em outra van.
Lula foi um dos primeiros a subir na aeronave da TAM. Ao redor do candidato, sentaram-se o
presidente nacional do PT, José
Dirceu, o senador eleito Aloizio
Mercadante, o prefeito de Ribeirão Preto e coordenador de campanha, Antônio Palocci, o deputado federal João Paulo Cunha e
outros assessores.
A frente do avião, onde estava
concentrada a cúpula petista, foi
transformada em um escritório
de campanha. Todos conversavam, trocavam documentos e tomavam cafezinhos. Momentos
antes de as portas do avião serem
fechadas, Mercadante ainda falava ao celular.
Duda Mendonça foi o único
que ficou mais afastado do grupo. O marqueteiro ocupou uma
poltrona no meio da aeronave.
Um pouco mais atrás, viajava o
prefeito de São Vicente e ex-coordenador da campanha do
PSB, Márcio França. "Vim para
outros compromissos."
Na viagem, Lula, aparentando
bom humor, contou algumas
piadas que sacou de uma revista
de bordo. Uma das histórias que
narrou é sobre um chefe que, para manter uma distância formal,
chamava os funcionários pelo
sobrenome.
Ainda no vôo, Lula deu autógrafos a passageiros e recebeu
mensagens de incentivo para um
eventual governo. A pedido das
comissárias de bordo, posou para fotos, fazendo com as mãos o
"L" de Lula, um dos símbolos de
sua campanha.
Após o tranquilo vôo, sem turbulências, o candidato parou
mais uma vez e posou para fotos
com os pilotos da aeronave.
Os petistas foram os primeiros
a deixar o avião e, na pista, eram
aguardados por policiais federais, que acompanharam a comitiva até o saguão do desembarque do aeroporto Santos Dumont. Pelé deixou o avião discretamente com seu boné preto, enquanto o candidato foi cercado
pela imprensa, que o acompanhou até o hotel Glória, onde deveria esperar pelo debate.
Fim de campanha
Lula fez ontem sua última viagem de campanha em um vôo
comercial. No lugar dos jatinhos
alugados pelo partido -usados
durante quase toda a disputa-,
Lula chegou ao Rio em um Airbus 319 da TAM, com outros 82
passageiros. A aeronave tem capacidade para 122 pessoas.
No início da campanha, Lula
usou vôos comerciais por considerar o transporte mais seguro
contra possíveis atentados, mas
depois abandonou a idéia pela
falta de praticidade.
Segundo a equipe petista, ainda no primeiro turno, o partido
assinou com a TAM um acordo
que prevê a aquisição de passagens em vôos comerciais ou em
viagens fretadas a um custo menor. A companhia aérea é a mesma utilizada atualmente pelo
presidente Fernando Henrique
Cardoso e sua comitiva em viagens para o exterior.
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