São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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QUE REI SOU EU?

Candidato petista dá autógrafos e tira fotos ao lado de passageiros em vôo de São Paulo para o Rio de Janeiro

Lula é mais assediado que Pelé durante viagem

LILIAN CHRISTOFOLETTI
MOACYR LOPES JÚNIOR
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, dividiram ontem o mesmo vôo na ponte-aérea São Paulo-Rio, mas o petista roubou a cena e concentrou todos os assédios, ofuscando o rei do futebol.
Eles viajaram juntos durante cerca de 50 minutos, mas não se encontraram.
Na segunda fileira do avião, Lula ocupou uma poltrona no corredor e sua mulher, Marisa, na janela -ficaram separados por uma poltrona. Pelé, com um boné preto, entrou pela porta traseira e se sentou na penúltima fileira, ao lado da janela, acompanhado por dois amigos.
A Folha acompanhou com exclusividade a viagem de Lula.
O assédio começou já na chegada ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 10h30. Mulheres e homens engravatados pediram autógrafos e fotos ao lado do presidenciável. Protegido por cinco seguranças, Lula foi acompanhado por vários simpatizantes, ainda perplexos com sua presença. "Quem diria, o Lula com seguranças", comentou um dos funcionários do aeroporto, responsável pela limpeza, que não quis se identificar.
O assédio continuou quando entrou na sala reservada para o embarque. Lula conversou com assessores e brincou com as pessoas. "Vai queimar", disse a uma mulher que pediu para ser fotografada ao lado dele.
Na hora de entrar em uma van, reservada exclusivamente para levar Lula e sua equipe ao avião, um incidente: o petista havia perdido sua pasta de mão e, de forma repentina, saltou do carro perguntando pela mala. Prontamente, seguranças e assessores retornaram ao saguão, de onde voltaram com a pasta de couro, que havia sido esquecida na lanchonete.
O contratempo serviu como estímulo a cerca de 20 despachantes e auxiliares de pista que pediram para ser fotografados ao lado do candidato. Logo em seguida chegou o marqueteiro do PT, Duda Mendonça, atrasado, que entrou em outra van.
Lula foi um dos primeiros a subir na aeronave da TAM. Ao redor do candidato, sentaram-se o presidente nacional do PT, José Dirceu, o senador eleito Aloizio Mercadante, o prefeito de Ribeirão Preto e coordenador de campanha, Antônio Palocci, o deputado federal João Paulo Cunha e outros assessores.
A frente do avião, onde estava concentrada a cúpula petista, foi transformada em um escritório de campanha. Todos conversavam, trocavam documentos e tomavam cafezinhos. Momentos antes de as portas do avião serem fechadas, Mercadante ainda falava ao celular.
Duda Mendonça foi o único que ficou mais afastado do grupo. O marqueteiro ocupou uma poltrona no meio da aeronave. Um pouco mais atrás, viajava o prefeito de São Vicente e ex-coordenador da campanha do PSB, Márcio França. "Vim para outros compromissos."
Na viagem, Lula, aparentando bom humor, contou algumas piadas que sacou de uma revista de bordo. Uma das histórias que narrou é sobre um chefe que, para manter uma distância formal, chamava os funcionários pelo sobrenome.
Ainda no vôo, Lula deu autógrafos a passageiros e recebeu mensagens de incentivo para um eventual governo. A pedido das comissárias de bordo, posou para fotos, fazendo com as mãos o "L" de Lula, um dos símbolos de sua campanha.
Após o tranquilo vôo, sem turbulências, o candidato parou mais uma vez e posou para fotos com os pilotos da aeronave.
Os petistas foram os primeiros a deixar o avião e, na pista, eram aguardados por policiais federais, que acompanharam a comitiva até o saguão do desembarque do aeroporto Santos Dumont. Pelé deixou o avião discretamente com seu boné preto, enquanto o candidato foi cercado pela imprensa, que o acompanhou até o hotel Glória, onde deveria esperar pelo debate.

Fim de campanha
Lula fez ontem sua última viagem de campanha em um vôo comercial. No lugar dos jatinhos alugados pelo partido -usados durante quase toda a disputa-, Lula chegou ao Rio em um Airbus 319 da TAM, com outros 82 passageiros. A aeronave tem capacidade para 122 pessoas.
No início da campanha, Lula usou vôos comerciais por considerar o transporte mais seguro contra possíveis atentados, mas depois abandonou a idéia pela falta de praticidade.
Segundo a equipe petista, ainda no primeiro turno, o partido assinou com a TAM um acordo que prevê a aquisição de passagens em vôos comerciais ou em viagens fretadas a um custo menor. A companhia aérea é a mesma utilizada atualmente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e sua comitiva em viagens para o exterior.


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