CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O senador José Alencar (PL-MG), candidato a vice-presidente da República na chapa do petista Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu ontem a participação do Brasil na Alca (Área de Livre Comércio das Américas), sem definir exatamente em que termos deve ocorrer essa adesão.
Lula tem sido crítico da participação na Alca na forma proposta pelo governo norte-americano, dizendo que aderir a ela seria aceitar uma espécie de anexação do Brasil aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos querem que no acordo da Alca os subsídios agrícolas e a sua legislação antidumping fiquem de fora, devendo ser discutidos no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Defender a economia brasileira não é ter uma aversão sistemática, e até ideológica, a uma proposta de integração comercial", disse Alencar em palestra para empresários reunidos no 22º Enaex (Encontro Nacional de Comércio Exterior).

Desconhecimento
Ele disse que às vezes as pessoas se posicionam contra a Alca sem saber o que ela significa.
"Livre comércio significa o fim das fronteiras econômicas, para ser exato. Significa que os países estarão vivendo numa economia rigorosamente aberta. Isso é bom para o Brasil? Eu penso que sim", afirmou o senador.
Mais adiante, após citar subsídios praticados por países como os próprios Estados Unidos e a França, José Alencar disse que o Brasil não pode "aceitar competição desigual" e que precisa "aprender a negociar bem, mas não mencionou termos para essas negociações.

Noel Rosa
Diante de uma platéia amplamente favorável ao candidato do PSDB, José Serra, Alencar citou até o compositor carioca Noel Rosa (1910-1937) na tentativa de convencer os empresários de que Luiz Inácio Lula da Silva é um bom candidato à Presidência da República.
"Batuque é um privilégio/ninguém aprende samba no colégio", versos do samba "Feitio de Oração", de Noel Rosa e Vadico, foram usados por Alencar como apoio para rebater as críticas dos que dizem que Lula, se eleito, não será um bom presidente porque não tem curso superior.
O senador pediu votos para sua chapa e procurou atrair os empresários para ajudarem um eventual governo Lula, afirmando que "não será um governo de decisões solitárias, mas de decisões solidárias", frase que atribuiu ao próprio candidato petista.


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