São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Presidente do Fed teme crise no hemisfério

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O presidente do Fed (Federal Reserve) de Nova York, William McDonough, apelou a investidores que não fujam do Brasil se o petista Luiz Inácio Lula da Silva ganhar as eleições amanhã. Segundo ele, uma crise no Brasil depois das eleições poderia representar uma "doença contagiante" para o resto do hemisfério.
"Seria uma estupidez e uma tolice tirar capital do país se os brasileiros escolherem um líder que está comprometido com a justiça social", afirmou num seminário a investidores hispano-americanos.
Longe de ser uma demonstração de apoio a Lula, suas declarações foram sinais de preocupação do Fed com relação ao impacto de uma eventual crise de pagamentos brasileira sobre os bancos americanos e demais mercados emergentes.
McDonough é membro do comitê que fixa as taxas de juro nos EUA e um dos nomes cotados para substituir o atual presidente do Fed, Alan Greenspan. Ele definiu como crucial o comportamento dos mercados nas duas próximas semanas e pediu aos investidores estrangeiros que ajam como os poupadores brasileiros.
"O povo brasileiro está mostrando confiança", afirmou, referindo-se ao fato de não ter havido uma fuga de depósitos bancários no Brasil. "Pessoas responsáveis em posições responsáveis deveriam adotar essa postura."
Como presidente do Fed de Nova York, McDonough supervisiona algumas das maiores instituições financeiras no mundo, a maioria das quais com exposições substanciais ao Brasil. Várias delas sofreram perdas no último ano com os escândalos corporativos nos EUA e estariam numa posição desfavorável para enfrentar uma crise brasileira.
Em dezembro do ano passado, os bancos americanos tinham uma exposição ao Brasil estimada em US$ 28 bilhões.
Esse valor caiu substancialmente desde então, mas o volume atual ainda seria suficiente para deteriorar o mercado financeiro americano caso a economia brasileira entre em colapso.


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