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RETA FINAL
Fundos de pensão estariam dispostos a comprar títulos públicos de prazo bastante longo em eventual governo petista
PT pode usar fundos para alongar dívida
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos de pensão discutem
com o PT uma proposta que poderá colaborar para o alongamento da dívida pública federal, em
um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A idéia é que, se
eleito, o eventual governo petista
faça emissões de títulos de prazo
bastante longo de forma mais orquestrada com as fundações, que
comprariam os papéis.
Segundo a Folha apurou, essas
operações ofereceriam condições
especiais para atrair as fundações.
Uma possibilidade é que o futuro
governo reúna os fundos de pensão e faça, por exemplo, leilões fechados feitos sob medida para as
necessidades de prazos de pagamento dos benefícios dos fundos.
O indexador que corrige o rendimento dos títulos seria do mesmo tipo dos que as fundações garantem como remuneração aos
seus participantes, como por
exemplo o IGP-M.
Leilões
De acordo com analistas do
mercado, o Banco Central já fez
em várias ocasiões leilões de títulos para atender à demanda dos
fundos de pensão. Já foram emitidos, por exemplo, papéis com
vencimento em 2010 e 2021.
Mas os especialistas acreditam
que existe, de fato, espaço para
que essas emissões sejam feitas
com maior frequência e de forma
mais negociada.
Guido Mantega, um dos coordenadores do programa econômico do PT, confirma que o partido estuda a adoção de vantagens
para que os fundos de pensão
apliquem em papéis de mais longo prazo. Mas, segundo ele, a
prioridade do PT, caso vença a
eleição amanhã, será recuperar a
confiança do mercado financeiro.
"Uma vez recuperada a confiança do mercado, adotaremos medidas para alongar o perfil da dívida pública. Os fundos de pensão
serão peça importante dessa estratégia", diz Mantega.
Fim do IR
Os fundos de pensão também já
negociam com a cúpula do PT o
fim da cobrança do Imposto de
Renda (IR) sobre os ganhos de
suas aplicações, caso Lula seja
eleito. Isso representaria menor
receita para o próximo governo.
"A nossa expectativa, baseada
no que tem sido discutido com o
PT, é que os fundos tenham isenção de Imposto de Renda", diz
Sérgio Rosa, diretor da Previ. Rosa participa do grupo formado
pelo PT que discute com entidades, como a Febraban e a Bovespa, propostas para o desenvolvimento do mercado de capitais.
A medida representaria um
passo atrás na decisão tomada no
ano passado pelo atual governo,
via a edição de uma medida provisória, que passou a obrigar o recolhimento do IR dos fundos.
A MP (nš 2.222), que ainda não
foi votada pelo Congresso, estabeleceu uma alíquota de 20% que é
descontada trimestralmente dos
ganhos dos fundações. O valor
cobrado não pode, no entanto, ultrapassar o equivalente a 12% da
contribuição feita pela empresa
patrocinadora.
O problema dessa medida, segundo representantes das fundações e especialistas da área de previdência, é que acaba tributando
duas vezes os participantes dos
fundos de pensão. Isso porque o
IR já era e continua sendo cobrado no momento do saque dos benefícios. "Isso vai contra a tendência internacional e a necessidade de se estimular a formação
de uma poupança interna", afirma o advogado Adacir Reis, organizador do livro "Fundos de Pensão em Debate".
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