São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Cúpula do BNDES vê afinidade com PT

DA REPORTAGEM LOCAL

Os funcionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aguardam com grande expectativa a possibilidade de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amanhã. Mas, segundo a Folha apurou, a cúpula da instituição não acredita que terá problemas para se entender com um eventual governo petista. Ao contrário, exibe discurso bastante afinado com as propostas do PT.
A ansiedade é provocada principalmente pelo fato de que, se Lula for eleito, será a primeira vez, nos últimos trinta anos, que o país terá um governo de centro-esquerda. Embora a expectativa da instituição é a de que de um eventual governo petista seja mais de "centro" do que de "esquerda".
A tranquilidade, por outro lado, tem duas razões especiais. 1) O BNDES já tem vínculos e um forte diálogo com a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Essa ligação existe porque tanto o BNDES quanto as centrais sindicais fazem parte do Codefat, que é o conselho que administra os recursos recolhidos pelo FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador).
Segundo a Folha apurou, entre as centrais sindicais, a CUT é a que tem vínculos mais estreitos com o BNDES. Como a CUT é também a central mais ligada ao PT, o BNDES acredita que isso facilitará o diálogo em um eventual governo de Lula.
2) A cúpula do BNDES acredita que já atua de forma muito parecida com os planos do PT. Por exemplo, nos últimos três anos, praticamente, dobrou a participação relativa dos fundos emprestados para pequenas empresas no orçamento do banco. O financiamento às exportações-outra prioridade do programa petista-também já representa cerca de um terço do orçamento do banco de fomento.
Segundo um alto funcionário do BNDES ouvido pela Folha, à medida que foram surgindo, essas demandas passaram a ser atendidas pelo banco sendo atendidas. Nas palavras dele, "o banco teve a capacidade de se antecipar". Por isso, dentro da instituição, a grande aposta é que, mesmo que Lula ganhe, não haverá grandes mudanças de rumo.
O que poderá mudar um pouco é o foco de determinadas orientações. Por exemplo, acredita-se que um governo petista daria maior prioridade ao financiamento de empresas nacionais.
Além disso, já existe dentro do BNDES a percepção de que, de fato, existe uma necessidade de uma maior atuação do governo na formulação de políticas públicas de estímulo aos setores produtivos. Nesse sentido, a instituição também está afinada com as propostas que foram apresentadas pelos principais candidatos à Presidência. (ÉRICA FRAGA)



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