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Cúpula do BNDES vê afinidade com PT
DA REPORTAGEM LOCAL
Os funcionários do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
aguardam com grande expectativa a possibilidade de vitória de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
amanhã. Mas, segundo a Folha
apurou, a cúpula da instituição
não acredita que terá problemas
para se entender com um eventual governo petista. Ao contrário, exibe discurso bastante afinado com as propostas do PT.
A ansiedade é provocada principalmente pelo fato de que, se
Lula for eleito, será a primeira vez,
nos últimos trinta anos, que o país
terá um governo de centro-esquerda. Embora a expectativa da
instituição é a de que de um eventual governo petista seja mais de
"centro" do que de "esquerda".
A tranquilidade, por outro lado,
tem duas razões especiais. 1) O
BNDES já tem vínculos e um forte
diálogo com a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Essa ligação existe porque tanto o BNDES
quanto as centrais sindicais fazem
parte do Codefat, que é o conselho
que administra os recursos recolhidos pelo FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador).
Segundo a Folha apurou, entre
as centrais sindicais, a CUT é a
que tem vínculos mais estreitos
com o BNDES. Como a CUT é
também a central mais ligada ao
PT, o BNDES acredita que isso facilitará o diálogo em um eventual
governo de Lula.
2) A cúpula do BNDES acredita
que já atua de forma muito parecida com os planos do PT. Por
exemplo, nos últimos três anos,
praticamente, dobrou a participação relativa dos fundos emprestados para pequenas empresas no
orçamento do banco. O financiamento às exportações-outra
prioridade do programa petista-também já representa cerca
de um terço do orçamento do
banco de fomento.
Segundo um alto funcionário
do BNDES ouvido pela Folha, à
medida que foram surgindo, essas demandas passaram a ser
atendidas pelo banco sendo atendidas. Nas palavras dele, "o banco
teve a capacidade de se antecipar". Por isso, dentro da instituição, a grande aposta é que, mesmo que Lula ganhe, não haverá
grandes mudanças de rumo.
O que poderá mudar um pouco
é o foco de determinadas orientações. Por exemplo, acredita-se
que um governo petista daria
maior prioridade ao financiamento de empresas nacionais.
Além disso, já existe dentro do
BNDES a percepção de que, de fato, existe uma necessidade de
uma maior atuação do governo
na formulação de políticas públicas de estímulo aos setores produtivos. Nesse sentido, a instituição também está afinada com as
propostas que foram apresentadas pelos principais candidatos à
Presidência.
(ÉRICA FRAGA)
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