São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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TODA MÍDIA

Os EUA e o mundo

Nelson de Sá

De um título no "USA Today" de ontem:
- O mundo acompanha a corrida nos Estados Unidos por internet e televisão.
A reportagem, enviada da África, destacava um etíope diante de um computador, num "internet cafe", para sua "dose diária de notícias da eleição americana". Dele:
- O que acontece na América nos afeta a todos.
O "USA Today" apresenta sites como o australiano world peace.org.au, que oferece uma "eleição americana para o resto do mundo", ou o mais engajado boycottbush.org, que defende o boicote mundial a empresas que financiam a campanha do candidato republicano.
Este último site está organizando uma eleição "alternativa" para 2 de novembro, em países como Bélgica e Brasil.
Boicotes e ações semelhantes correm o mundo em sites e publicações. E já surgem os primeiros editoriais de apoio.
O britânico "Financial Times" publicou ontem seu apoio a John Kerry, justificando que se trata da "eleição americana acompanhada mais de perto" em décadas e que, para política internacional, o democrata é "a escolha mais segura".
Já o "Guardian" foi além e publicou um texto supostamente irônico, mas que causou revolta nos EUA, em que perguntou, citando assassinos de presidentes americanos:
- John Wilkes Booth, Lee Harvey Oswald: onde estão vocês quando precisamos?
O jornal, um dos principais de Londres, já se retratou.
 
No placar de apoios de jornais nos EUA, Kerry seguia ontem na dianteira, com 128, contra 105 de George W. Bush.
A novidade maior veio das revistas. Além de "The New Republic" e "The Nation", ontem foi a vez de um editorial da "New Yorker", para muitos a melhor revista do mundo, defender a eleição do democrata.
Segundo o "Washington Post", foi a primeira vez que a "New Yorker" anunciou apoio, em seus 80 anos.
A exemplo do que se tem lido em jornais como o "New York Times", a revista mais atacou Bush do que defendeu Kerry. O governo republicano é tratado com adjetivos como "arrogante" e "incompetente".

EM CAMPANHA

BBC/Reprodução
Game inspirado pela corrida eleitoral dos EUA


O site da BBC fez as contas e já encontrou mais de 20 games, para computador, celular e internet, criados nos últimos meses, tendo como tema a eleição presidencial dos EUA. Levam nomes como Frontrunner e Political Machine e "permitem ao jogador promover uma campanha completa".
Um jogo pró-George W. Bush traz o presidente americano em defesa da rainha Elizabeth 2º, sob ataque terrorista. Outro permite ao jogador viver o papel de John Kerry, em ações num rio, na Guerra do Vietnã.

Crueldade
De Eduardo Graeff, no site E-agora, próximo dos tucanos:
- Cá entre nós, a entrevista da namorada do Eduardo Suplicy à "Veja" é de uma crueldade sem limites com a prefeita, com o novo marido da prefeita, até com o ex-marido. Se você não leu, aceite o meu conselho: não leia.

"Armações"
Em entrevista à TV Gazeta, questionado por Maria Lydia, José Serra preferiu nem comentar a entrevista da "Veja".
Quanto às acusações petistas de "ataques baixos" e "armações" do PSDB, o prefeiturável insistiu em responder e o fez com uma incontida ironia.
A denúncia de "ataques baixos" foi do presidente do PT, em entrevista ao site do partido reproduzida por rádios e sites. Foi até manchete na Globo Online.

Só a verdade
Depois do "New York Times" de domingo, ontem foi a vez de o "Financial Times" aparecer com reportagem sobre as pressões para o governo Lula "abrir os arquivos da ditadura militar".
De quebra, o site da Anistia Internacional divulgou no fim da tarde um comunicado dizendo que só a "verdade" pode fechar as feridas da repressão.

Sem cadeira
Em artigo no mesmo "Financial Times", o célebre historiador Paul Kennedy, que finaliza um livro sobre a ONU, defende a reforma da organização, mas não dá esperança ao Brasil:
- O desacordo é simplesmente grande demais para permitir que países como Japão, Alemanha, Brasil e Índia se tornem membros permanentes do Conselho de Segurança.

INFORMAÇÃO

Globo/Reprodução
Cena da cobertura do Bolsa-Família, ontem


Depois do estardalhaço da semana anterior, o Fantástico e demais telejornais da Globo adotaram cobertura bem menos crítica às ações do governo quanto ao Bolsa-Família. Mais do que recuo no telejornalismo crítico, um registro da rede explica:
- Uma informação importante. O Fantástico disse que Elaine de Jesus, 8, precisava ser urgentemente encontrada pelo governo. Segundo a avó, ela não recebia o Bolsa-Família. Mas Elaine recebe, sim, o benefício.
O problema é que ela havia sido a protagonista da história, uma semana antes. E que, ao reconhecer "um erro do Fantástico", a Globo preferiu sublinhar "a confusão ou a falta de informação de uma senhora humilde".

AOS MORADORES DE RUA

Ainda sob o impacto da chacina no centro de São Paulo, a nova edição da revista "Ocas", que é vendida pela cidade por moradores de rua, ouviu José Serra e Marta Suplicy sobre o que ambos planejam para os mesmos moradores de rua.
Em suas respostas, o tucano insistiu na parceria da prefeitura com as "ONGs que dão apoio aos moradores de rua" e num "plano de qualificação", além de "trazer empregos para a cidade". A petista destacou dois programas, Operação Trabalho e São Paulo Inclui, que "oferecerão apoio psicológico", cursos de profissionalização e auxílio-transporte para procurar emprego.


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