São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETALIAÇÃO

Objetivo tucano é sair da defensiva, gerada pelo caso Azeredo, e atacar PT com apuração de suposto uso de recursos ilegais em campanhas

PSDB propõe "CPI do Caixa 2" contra governo

DA COLUNISTA DA FOLHA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA


O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), propôs ontem, em nome da direção do partido, a criação de uma CPI para investigar o uso de caixa dois em campanhas eleitorais. Ontem mesmo ele anunciou que já tinha 30 assinaturas das 27 necessárias.
"Vamos apresentá-la amanhã (hoje), com 40 assinaturas", prometeu. Para que seja automaticamente criada, a comissão necessita do apoio de 27 dos 81 senadores. "Não vamos deixar pedra sobre pedra", ameaçou.
Na contra-ofensiva tucana, o objetivo é investigar eleições em que expoentes do PT teriam se utilizado de caixa dois. Apesar da ameaça tucana, nem a oposição nem o governo acha que a ameaça seja para valer. O mais provável é que seja para negociar.
O fato determinado para a criação da CPI será, segundo Virgílio, os depoimentos de Duda Mendonça, responsável pela campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2002, e de Marcos Valério.
Duda declarou que recebeu pagamentos no exterior, e Valério confirmou os depósitos. "Isso já é suficiente para cassar um partido", disse Virgílio. Segundo o publicitário, esse pagamento envolveu 18 campanhas estaduais.
A disposição do líder do PSDB tomou corpo depois que Azeredo teve seu nome envolvido no financiamento irregular de sua campanha para o governo de Minas Gerais em 1998.
Na semana passada, o ex-tesoureiro de Azeredo em 1998, Cláudio Mourão, revelou que fez caixa dois naquela campanha e que, dos R$ 20 milhões gastos nela, declarou apenas R$ 8 milhões ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Mourão também revelou que tomou dois empréstimos com Valério, que somaram R$ 11 milhões, e que pagou parte da dívida com Duda Mendonça com recursos não declarados. O ex-tesoureiro, porém, disse que Azeredo não sabia do caixa dois.
Ao propor a CPI, Virgílio quer atacar em especial dois senadores petistas: Aloizio Mercadante (SP) e Ideli Salvatti (SC). Na semana passada, durante o depoimento de Mourão na CPI dos Correios, Virgílio apresentou requerimentos para que fossem convocados tesoureiros de campanhas petistas em 18 Estados, incluindo São Paulo e Santa Catarina.
"O PT está querendo fazer uma cortina de fumaça", acusou Virgílio. Para ele, ao acusar o PSDB de também se utilizar de caixa dois, "governo e PT procuram confundir caixa dois, que deve ser criticado, com a corrupção que grassa neste governo". (EC/CG)


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