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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RETALIAÇÃO
Objetivo tucano é sair da defensiva, gerada pelo caso Azeredo, e atacar PT com apuração de suposto uso de recursos ilegais em campanhas
PSDB propõe "CPI do Caixa 2" contra governo
DA COLUNISTA DA FOLHA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), propôs ontem, em nome da direção do partido, a criação de uma CPI para
investigar o uso de caixa dois em
campanhas eleitorais. Ontem
mesmo ele anunciou que já tinha
30 assinaturas das 27 necessárias.
"Vamos apresentá-la amanhã
(hoje), com 40 assinaturas", prometeu. Para que seja automaticamente criada, a comissão necessita do apoio de 27 dos 81 senadores. "Não vamos deixar pedra sobre pedra", ameaçou.
Na contra-ofensiva tucana, o
objetivo é investigar eleições em
que expoentes do PT teriam se
utilizado de caixa dois. Apesar da
ameaça tucana, nem a oposição
nem o governo acha que a ameaça
seja para valer. O mais provável é
que seja para negociar.
O fato determinado para a criação da CPI será, segundo Virgílio,
os depoimentos de Duda Mendonça, responsável pela campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em
2002, e de Marcos Valério.
Duda declarou que recebeu pagamentos no exterior, e Valério
confirmou os depósitos. "Isso já é
suficiente para cassar um partido", disse Virgílio. Segundo o publicitário, esse pagamento envolveu 18 campanhas estaduais.
A disposição do líder do PSDB
tomou corpo depois que Azeredo
teve seu nome envolvido no financiamento irregular de sua
campanha para o governo de Minas Gerais em 1998.
Na semana passada, o ex-tesoureiro de Azeredo em 1998, Cláudio Mourão, revelou que fez caixa
dois naquela campanha e que, dos
R$ 20 milhões gastos nela, declarou apenas R$ 8 milhões ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Mourão também revelou que
tomou dois empréstimos com
Valério, que somaram R$ 11 milhões, e que pagou parte da dívida
com Duda Mendonça com recursos não declarados. O ex-tesoureiro, porém, disse que Azeredo
não sabia do caixa dois.
Ao propor a CPI, Virgílio quer
atacar em especial dois senadores
petistas: Aloizio Mercadante (SP)
e Ideli Salvatti (SC). Na semana
passada, durante o depoimento
de Mourão na CPI dos Correios,
Virgílio apresentou requerimentos para que fossem convocados
tesoureiros de campanhas petistas em 18 Estados, incluindo São
Paulo e Santa Catarina.
"O PT está querendo fazer uma
cortina de fumaça", acusou Virgílio. Para ele, ao acusar o PSDB de
também se utilizar de caixa dois,
"governo e PT procuram confundir caixa dois, que deve ser criticado, com a corrupção que grassa
neste governo".
(EC/CG)
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