São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Questão doméstica

Antes de se acertar com os tucanos para prorrogar a CPMF, o governo terá de resolver um dilema dentro do campo aliado: como reduzir a carga tributária, um dos itens da negociação com o PSDB, se a proposta que regulamenta a emenda 29, defendida pelos petistas que presidem as duas Casas do Congresso, vincula uma montanha de recursos à área da saúde?
Na contramão de Tião Viana (PT-AC) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), a equipe econômica e líderes do governo no Congresso gostariam de simplesmente esquecer a idéia de mais vinculação. Mas Tião adverte: "Derrubar a regulamentação da emenda 29 não dá. A bancada da saúde é fortíssima".

Cubo mágico. Saída defendida ontem por um líder governista: trocar a vinculação à saúde de 10% da receita bruta com impostos por um aumento do repasse de recursos da própria CPMF ao setor.

Dois tempos. Para unificar as propostas de regulamentação da emenda 29 que correm na Câmara e no Senado, os deputados devem fazer um substitutivo ao texto do ex-deputado Roberto Gouvêa (PT-SP) com conteúdo idêntico ao do projeto de Tião Viana, que logo depois seria votado pelos senadores.

Amiguinho. Guido Mantega, que na véspera anunciara que o governo já tem os votos necessários para prorrogar a CPMF, vestiu figurino humilde no almoço de ontem com os tucanos. Logo no abre-alas, disse que a ajuda da oposição será imprescindível.

Não é comigo. Os tucanos reclamaram do excesso de novos cargos públicos e do conseqüente aumento de gastos. Mantega respondeu que a maioria das vagas é no Judiciário, não no Executivo.

Por partes. Enquanto Mantega cuidou dos tucanos, Walfrido dos Mares Guia foi encarregado de procurar o DEM, sempre mais arisco, no esforço para aprovar a CPMF. O ministro das Relações Institucionais se reuniu com dois representantes da porção "light" do partido: o governador José Roberto Arruda (DF) e seu vice, Paulo Octávio.

Éramos cinco. O PT definiu os nomes que quer excluir do relatório final da CPI do Apagão Aéreo no Senado, feito pela oposição. Além do ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, a idéia é livrar outros quatro do indiciamento.

Premiados. Os escolhidos pelo PT são o ex-assessor especial da Infraero Eurico Loyo, os ex-diretores da empresa Welington Moura e Marco Antonio Marques de Oliveira e, por fim, o empresário pernambucano Aristeu Chaves.

Por favor. Zico Prado, deputado estadual e candidato a presidente do PT paulista, visitou Lula ontem para pedir "neutralidade" do Planalto na disputa entre ele e Edinho Silva, prefeito de Araraquara.

Sinto muito. A conversa foi amistosa, mas neutralidade não haverá. Os petistas do palácio estão empenhados em derrotar Zico Prado, candidato patrocinado por João Paulo Cunha -um dos responsáveis pelo ressurgimento de Ricardo Berzoini e o conseqüente abandono da opção Marco Aurélio Garcia na disputa pelo comando do PT nacional.

Canteiro. A pedido de Lula, o Exército deverá liberar até o final do ano uma área em Osasco onde o presidente lançará mais uma universidade federal. Emídio Souza (PT) é candidato à reeleição na cidade da Grande São Paulo.

Glitter. O prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), declarou-se "surpreso" com a homenagem recebida da Procuradoria do Município, que colocou seu nome em letras prateadas na fachada da nova sede do órgão. Candidato à reeleição na capital alagoana, disse que não merece tanto.

Tiroteio

"O único erro do Sérgio Cabral foi tratar de maneira segmentada uma questão universal, que precisa, sim, ser debatida".
De CLÁUDIO LEMBO (DEM), ex-governador de São Paulo, sobre declaração do governador do Rio, segundo quem as elevadas taxas de fertilidade nas favelas são "uma fábrica de produzir marginais".

Contraponto

Conduzindo o sr. Viana

Os dias que antecederam a licença de Renan Calheiros da presidência do Senado foram de muita ansiedade para o vice Tião Viana, que não sabia ao certo quando o titular se renderia às evidências da crise e deixaria o cargo.
Diante de tantas pressões, o petista estava um pouco distraído quando certa noite, encerrada a jornada de trabalho, deixou a Casa apressado e entrou sem hesitar no carro oficial estacionado bem em frente à entrada principal. Depois de minutos à espera do motorista e já um tanto irritado, Tião o viu aproximar-se da janela:
-Senador, fique à vontade. Quando o senhor quiser ir embora, nosso carro está parado logo ali.


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