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Deputado confirma episódios e diz que nova testemunha tem isenção política
DO ENVIADO A IPAMERI (GO)
A história contada à Folha
pelo caminhoneiro Jairo Pereira foi confirmada por seu principal personagem, o deputado
federal José Genoino. Em entrevista por telefone, o ex-presidente nacional do PT contou
que não se lembra mais de nomes, mas que realmente ocorreram episódios contados pelo
ex-militar.
Genoino fala que se recorda
da viagem de Brasília ao Araguaia, acorrentado na picape
escoltada por caminhões e carros do comboio conduzido por
militares da unidade do Exército em Ipameri (GO).
"Eu tinha uma relação melhor com os militares de Ipameri. Eles não eram do PIC
[Pelotão de Investigações Criminais, cujos oficiais seriam os
responsáveis pelas torturas]
nem eram pessoal da selva. Ficavam mais na logística da base
de Xambioá", rememora o ex-guerrilheiro.
Ele conta ter lembranças
ruins do buraco escavado no
solo enlameado em que dormia
na base militar, sempre amarrado e vigiado por militares que
tinham ordem para matá-lo caso tentasse fugir.
"Eu pedia para tirar as algemas, até para poder ir ao banheiro. Às vezes era atendido,
mas eles nunca tiravam a corrente. Diziam que teriam que
me matar se eu corresse, e que
não queriam fazer isso. Nem
para ir ao banheiro tiravam. Segundo eles, os comandantes
mandariam matá-los se eu escapasse", afirmou Genoino.
De acordo com o ex-prisioneiro, houve ocasião em que,
escondidos, os soldados lhe
emprestavam revistas populares, para passar o tempo. Dos
espancamentos e torturas, o
deputado confirma que ocorreram conforme o relato de Pereira, do modo e no local descritos. Disse também que os
soldados de Ipameri não participavam das agressões.
"Eles me tratavam bem, me
levavam comida", comentou.
Genoino saudou o surgimento de uma testemunha do que
se passou no Araguaia naquele
período. "Uma coisa é o que eu
conto, que tem uma dose de
política. O oficial do Exército,
ao falar, também tem a sua dose de política. Já esse soldado
não tem."
O ex-presidente do PT foi o
primeiro guerrilheiro a ser preso em uma das investidas militares para combater o movimento no Araguaia, em 1972.
(ST)
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