São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Belo Horizonte

Após virada, Lacerda atinge 59% e deve ser eleito

Apoiado por Aécio e Pimentel, candidato do PSB cresceu na reta final e está 18 pontos à frente do peemedebista Quintão

Após susto, com ascensão de adversário, campanha de Lacerda mudou e ficou mais agressiva; resultado pode ter influência para 2010


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

FERNANDA ODILLA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O candidato Marcio Lacerda (PSB) deverá ser eleito hoje prefeito de Belo Horizonte, segundo pesquisa Datafolha, deixando aliviados os seus padrinhos políticos, o governador tucano Aécio Neves e o prefeito petista Fernando Pimentel.
Ele tem 59% dos votos válidos, contra 41% de Leonardo Quintão (PMDB) -que há nove dias estava nove pontos percentuais à frente de Lacerda. Para calcular os votos válidos são excluídos os brancos, nulos e os eleitores indecisos.
Em relação ao total de votos, Lacerda tem 50% e Quintão, 35%. Os votos brancos e nulos somam 9%. Os indecisos são 7%. A margem de erro da pesquisa, encomendada pela Folha e pela TV Globo, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A disputa eleitoral em dois turnos em BH foi um "recado" a Aécio e Pimentel, segundo o próprio prefeito. Criou-se na campanha de Lacerda a expectativa de que ele seria eleito facilmente com o apoio dos dois padrinhos, que têm suas gestões bem avaliadas.
"É um recado importante. O eleitor não vota pelos apoios, vota no candidato. É importante para prestar mais atenção", disse Pimentel, acrescentando ter havido um "susto" quando a disputa não acabou no primeiro turno.
Aécio e Pimentel apostaram alto na aliança. O tucano porque quer se projetar nacionalmente como um possível candidato a presidente conciliador, capaz de compor até com o PT. E Pimentel tenta se cacifar para disputar o governo de Minas. Mas essa união, construída sobre o discurso da possibilidade de PT e PSDB se unirem eventualmente em benefício da população, causou dificuldades de relacionamento.
Os petistas ligados aos ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) se afastaram. Os grupos de esquerda foram apoiar os adversários da aliança.
Pimentel se tornou alvo predileto do ministro peemedebista Hélio Costa (Comunicações), que também quer disputar o governo de Minas em 2010. Costa já declarou que o segundo turno configura "derrota" de Aécio e Pimentel, que também não conseguiram manter ao lado deles o vice-presidente José Alencar.
No primeiro turno, foram muitos os erros da campanha oficial, assumidos publicamente pelo candidato e seus padrinhos. Esconderam Lacerda e isso ajudou Quintão a crescer, com os demais rivais batendo no candidato oficial e pedindo uma chance ao segundo turno.
Quintão surpreendeu na reta final ao chegar apenas dois pontos atrás, mas no segundo turno foi a sua vez de cometer muitos erros, um deles o de não mudar a roupagem nem o conteúdo da sua campanha, conforme avaliações que são feitas nos bastidores do PMDB.
No comitê de Lacerda, mudou tudo. Com estilo bem agressivo, a campanha conseguiu reverter a vantagem que Quintão abrira. Na última quarta-feira, o Datafolha já indicava Lacerda na frente (45% a 40% do total de votos).
A pesquisa realizada ontem e anteontem, com 1.870 eleitores, mostra que, com a provável virada, deve ser impedido o "susto" do começo: o de que a maior derrota política dessas eleições fosse para Aécio e Pimentel.


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