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País
Resultado deixa PT mais dependente de Lula
Dirigentes admitem que eleição não revelou liderança capaz de dividir com o presidente a influência sobre os rumos da sigla
Assuntos como a eleição
para o novo presidente do partido e como a sucessão
de 2010 dependerão das decisões tomadas por Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os resultados das eleições
municipais deste ano deixam o
PT ainda mais dependente do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. O lulismo se consolida
como força maior do que o petismo -tendência em curso
desde a chega do partido ao poder federal, na eleição de 2002.
Apesar do crescimento orgânico do PT, estas eleições não
revelaram uma nova liderança
nem permitiram que caciques
estaduais ganhassem força para ousar dividir com Lula a influência sobre os rumos do PT.
Reservadamente, dirigentes do
partido reconhecem que caberá ao presidente da República
decidir os movimentos mais
importantes da legenda nos
próximos dois anos.
Lula escolherá o candidato à
sua própria sucessão, em 2010.
O presidente já disse a auxiliares próximos que deseja que a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil) seja a candidata.
Lula também terá influência
decisiva na eleição do novo presidente do PT, no ano que vem.
O atual, o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), não poderá ser reeleito. O presidente
quer escalar o seu chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, para
a missão. Se convocado, Carvalho sinalizou que aceitará.
Os efeitos da crise internacional sobre o Brasil também
deverão sufocar eventuais críticas do partido a Lula. Numa
conjuntura adversa, o papel do
PT será defender uma política
econômica com a qual conviveu mal e que agora enfrenta o
seu grande teste.
Uma queda na popularidade
de Lula, única estrela de primeira grandeza do PT, só desidrataria ainda mais o desempenho do partido nas eleições de
2010, quando haverá disputa
pela Presidência, por governos
estaduais (e o Distrito Federal),
por vagas na Câmara dos Deputados e para dois terços do Senado, além das Assembléias Legislativas (inclusive a Câmara
Distrital de Brasília).
Antes das eleições, setores do
petismo, sobretudo de São Paulo, alimentavam a idéia de dividir com Lula a decisão sobre a
candidatura presidencial de
2010. Com a iminente derrota
da ex-ministra Marta Suplicy
para o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) essa articulação ruiu.
Segundo pesquisa Datafolha
realizada anteontem e ontem,
Kassab tem 60% dos votos válidos, contra 40% de Marta (no
quadro ao lado foram destacados os índices de votos totais, e
não os válidos).
Na campanha, Marta disse
que, se fosse eleita prefeita, não
disputaria a candidatura presidencial com Dilma. Mas integrantes de seu grupo político
faziam questão de dizer que
não seria bem assim. Argumentavam que uma Marta vitoriosa
em São Paulo teria mais apoio
da máquina petista do que Dilma, que teve passagem pelo
PDT brizolista antes de ingressar no PT.
Aconteceu o pior cenário para os martistas. A derrota para
Kassab terá peso maior do que
imaginavam. Auxiliares de
Marta chegaram a admitir, logo
após o resultado do primeiro
turno, que poderiam perder
por um ou dois pontos percentuais para Kassab. O resultado,
porém, tende a ser uma lavada
política, agravada pelo erro de
recorrer a ataques pessoais
contra o prefeito, o que custará
a Marta, no mínimo, uma mancha na biografia.
Amigo de Lula, o governador
da Bahia, Jaques Wagner (PT),
poderia ser uma espécie de
"plano B" em caso de naufrágio
da articulação presidencial de
Dilma. Mas a eventual derrota
em Salvador hoje tende a fazer
com que Wagner priorize a luta
pela manutenção do terreno
conquistado na Bahia em 2006
e se candidate à reeleição.
Pesquisa Datafolha mostra
que o prefeito João Henrique
(PMDB) tem vantagem de 10
pontos percentuais sobre o deputado federal Walter Pinheiro
(PT). Placar de 55% a 45%, em
votos válidos.
O PMDB baiano, sob a liderança do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional),
sai fortalecido das eleições municipais. O próprio Geddel é alternativa de candidato a governador em 2010. E o desejo de
Lula de fechar uma aliança nacional com o PMDB para apoiar
Dilma reforça o cenário no qual
o presidente fará concessões
para agradar a Geddel em detrimento de Wagner.
A decadência do petismo no
Rio Grande do Sul também
contribui para o fortalecimento nacional do lulismo. O Datafolha mostra que o prefeito José Fogaça (PMDB) deverá se
reeleger hoje. Na pesquisa, ele
tem 57% dos votos válidos, contra 43% da deputada federal
Maria do Rosário (PT).
Das oito capitais que governa
hoje, o PT manteve seis delas
no primeiro turno: Fortaleza,
Recife, Vitória, Porto Velho,
Rio Branco e Palmas. Em Belo
Horizonte e Macapá, hoje administradas pelo petismo, o
partido não tem um representante no segundo turno. Nas
capitais em que disputa, o cenário é de derrota.
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