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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O FUTURO DE PALOCCI
Empresa ligada à prefeitura pagou R$ 200 mil a agência de propaganda, mas não há comprovação de que serviços tenham sido prestados
Promotoria investiga publicidade em Ribeirão
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
Novos documentos em poder
do Ministério Público Estadual
reforçam a suspeita da existência
de um caixa dois na administração do petista Antonio Palocci Filho na Prefeitura de Ribeirão Preto, entre 2001 e 2002.
As suspeitas estão em dois contratos de publicidade assinados
em 2002 pela Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto), dirigida
na época por Juscelino Dourado
-ex-chefe-de-gabinete de Palocci no Ministério da Fazenda.
Um dos contratos foi vencido
pela Espontânea Comunicação
Ltda., de Belo Horizonte, no valor
de R$ 500 mil. O orçamento disponível da Coderp era oficialmente de R$ 200 mil. Entre setembro e dezembro de 2002, a empresa recebeu R$ 196.528,00.
Apesar de existirem notas fiscais comprovando o pagamento,
não há na Coderp papéis que provem que os trabalhos foram feitos. Funcionários que trabalharam durante a gestão Palocci não
se lembram da empresa.
Entre os que não se lembram de
serviços da Espontânea em Ribeirão está o ex-coordenador de Comunicação da Prefeitura de Ribeirão José Hélio Pellissari, que aparece como presidente da Comissão Técnica Especial (portaria 5/
2002) que considerou a Espontânea a mais bem classificada na
disputa com a NW3 Propaganda
& Marketing Ltda.
"Não conheço [a Espontânea].
Que eu saiba, só a NW3 fazia a publicidade na época", disse.
O responsável pela NW3, José
Breda Ferreira Filho, vencedor
das licitações de publicidade da
prefeitura feitas na administração
petista, disse que não houve irregularidades na disputa, mas
acrescentou nova suspeita. "Não
foi para a frente porque a Coderp
não tinha verba para tocar e o
contrato acabou anulado. Não
prestaram serviço algum."
Entre 2001 e 2002, a NW3 levou
R$ 1,2 milhão da prefeitura. Esse
contrato também é investigado
pela Promotoria por suspeita de
superfaturamento nos serviços e
irregularidades no edital.
Na era Palocci, a Coderp também assinou um contrato de publicidade com a Yellowin Propaganda Ltda., no valor de R$ 79
mil. Os funcionários da prefeitura
também não conhecem os serviços da empresa, mas, nesse caso,
não há registro de que a Yellowin
tenha recebido algo.
Mais suspeitas
A Coderp é uma empresa pública de capital misto (a prefeitura
detém 99,99% das ações) que já
vem sendo investigada pelo Ministério Público por suspeita de
trabalhar com caixa dois.
A Folha revelou em outubro
que a Promotoria tinha em seu
poder documentos de movimentações financeiras entre o município e empresas fornecedoras que
não aparecem na contabilidade
oficial. Entre os papéis, há notas
fiscais seqüenciadas no valor total
de R$ 47 mil, emitidas em cinco
datas ao longo de apenas três meses, e uma espécie de planilha de
contabilidade paralela.
Outra suspeita que recai sobre a
companhia durante a gerência de
Dourado é o "desaparecimento"
de R$ 1,7 milhão do projeto Vale
dos Rios. Documentos atestam o
gasto de R$ 2 milhões na obra,
mas a ponte suspensa e obras arquitetônicas continuam no papel.
A Coderp justificou R$ 300 mil,
mas entre os documentos há notas fiscais de empresas fantasmas
e compras feitas antes da assinatura do contrato.
Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha em Belo Horizonte
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