São Paulo, sábado, 26 de novembro de 2005

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Vice-presidente é desconvidado para cerimônia militar

PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Irritados com uma declaração de apoio do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, ao deputado José Dirceu (PT-SP), oficiais de reserva da Aeronáutica retiraram um convite feito havia mais de um ano para que o ministro falasse aos associados de seu clube.
Em nota, os militares disseram ter sido tomados "por um profundo sentimento de decepção e espanto, em face do significado de tal atitude". O texto é assinado pelo presidente do Clube da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-Ar Ivan Frota.
Alencar compareceu a um ato de apoio a Dirceu na terça-feira à noite, patrocinado pelo PT do Distrito Federal. O vice foi um dos mais aplaudidos no evento, onde afirmou que é grato pelo papel do deputado na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva e declarou "absoluta confiança" em Dirceu.
Os oficiais da reserva consideraram que o deputado, ameaçado de cassação, "se configura, perante expressiva maioria da sociedade, como vértice de toda a tragédia política e moral ora vivida pela nação brasileira". Em sua avaliação, as declarações de apoio a Dirceu "soam, no mínimo, como uma expressão de triste leniência com os ilícitos a ele atribuídos por várias CPMIs".
Ao concluir, manifestam "profundo repúdio e protesto" e dizem: "Infelizmente, somos obrigados a cancelar o convite que lhe fizemos".
A retirada do convite, no entanto, tem um efeito mais simbólico do que prático, uma vez que não havia uma data marcada para que Alencar fosse à sede do Clube da Aeronáutica, no Rio de Janeiro. Até a conclusão desta edição, o ministro não havia se manifestado sobre a nota dos oficiais da reserva.
O convite havia sido feito em novembro do ano passado, logo após a posse de Alencar. O histórico do relacionamento entre Dirceu e as Forças Armadas não é bom, uma vez que estiveram de lados opostos durante a ditadura militar. O deputado foi preso, exilado e voltou clandestinamente ao Brasil. Ele foi anistiado em 1979.


Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília

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