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Oposição e governo mudam tática para votação de CPMF
Para PSDB e DEM, novo coordenador político pode convencer rebeldes da base
No cenário atual, governo
sabe que não tem os votos e
já cogita adiar votação para
janeiro; oposição acha que
derrota governo se votar já
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A troca na coordenação política e a resistência do PSDB em
abrir nova rodada de negociações inverteram as estratégias
do governo e da oposição para
votar a emenda que prorroga a
cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), o "imposto
do cheque", no Senado.
Sem o número mínimo de
votos para aprovar a CPMF
-49 de 81-, o governo não tem
mais pressa. Alguns líderes da
base já avaliam, inclusive, a
possibilidade de não conseguir
aprovar a emenda até o final do
ano, o que significaria para o
governo perder, no mínimo,
três meses de arrecadação.
Nesse cenário, prevalece a tese
de que seria melhor do que sofrer uma derrota no plenário. A
arrecadação anual prevista é
cerca de de R$ 40 bilhões.
Na contramão, a oposição
quer acelerar a tramitação da
emenda porque conta que tem
votos para derrubá-la. Até então, a oposição agia para obstruir a votação. Agora, acha que
pode tirar vantagem na transição na coordenação política para rejeitar a CPMF.
Lideranças do DEM e do
PSDB avaliam que o novo coordenador político, o ministro
José Múcio (PTB-PE), tem força para virar o jogo político caso
tenha tempo para articular.
"Temos que eliminar a obstrução porque o tempo agora
corre contra nós. O governo vai
usar todos os recursos para
cooptar votos e usará armas
que não temos", disse o líder do
DEM, José Agripino (RN).
Se a CPMF não for aprovada
neste ano, será considerada
"novo imposto" e, portanto, só
poderá ser cobrada depois de
três meses (a noventena) , a ser
contada depois da data que a
emenda for promulgada.
Em tese, o governo precisa
votar a continuação da cobrança até o dia 24 de dezembro.
Depois dessa data, só é possível
votar se for aprovada uma convocação extra do Congresso.
A opinião de governistas, entretanto, é que é hora de esticar
ao máximo o calendário para
negociar alguns votos de "rebeldes" na própria base. Nessa
lista, entrariam, por exemplo,
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Expedito Júnior (PR-RO)
e peemedebistas cujos votos
não são considerados seguros
-por exemplo Valter Pereira
(MS) e Geraldo Mesquita (AC).
Questionado se há pressa em
votar, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO),afirmou que "não tem que acelerar
[a votação], tem que deixar no
ritmo normal."
Pela contabilidade do líder
do governo na Casa, Romero
Jucá (PMDB-RR), o governo
tem hoje entre 45 e 48 votos assegurados. A ordem é só entrar
para votação no plenário com
no mínimo 50 votos garantidos. Para isso, aliados sugerem
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva receba e negocie
pessoalmente com senadores
"rebeldes" da base. Múcio se
reuniria ontem à noite com Jucá. Na terça, ele participa de
jantar com a bancada do PTB,
que ameaça se rebelar.
"É uma disputa difícil. Há um
empenho responsável dos que
querem aprovar e um empenho
acirrado dos que fazem oposição. Vamos precisar de todos, é
um trabalho a muitas mãos.
Nós trabalhamos com a hipótese de aprovar até meados de dezembro", disse Múcio.
DEM e PSDB agendaram
reunião conjunta para amanhã.
O objetivo é sair do encontro
com o compromisso dos 27 (14
do DEM e 13 do PSDB) senadores de que rejeitarão a CPMF
no plenário. "Quero olhar nos
olhos de cada um, saber quem é
voto firme e se tem alguém que
não é. É preciso que a oposição
vá com a faca nos dentes para a
guerra", disse o líder do PSDB,
Arthur Virgílio (AM).
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