São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

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Serra elogia o presidente e diz que espera "parceria com o governo"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apenas horas depois de criticar, em reunião do PSDB, a política de juros praticada pelo governo, o prefeito de São Paulo, José Serra, elogiou, publicamente, o programa federal de concessão de bolsas no ensino superior, o Universidade Para Todos (Prouni). Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -com quem conversou durante boa parte da cerimônia- Serra não poupou afagos.
"Não quis deixar de estar presente hoje, na primeira visita oficial do presidente da República a São Paulo depois da minha posse na prefeitura, para oferecer-lhe boas-vindas. Ao senhor presidente, ao senhor ministro da Educação, à sua equipe, aqui em São Paulo, onde esperamos desenvolver um trabalho de cooperação, de parceria com o governo."
Em retribuição, Lula se referiu a Serra como "caro companheiro" na solenidade de entrega de certificados a estudantes de São Paulo contemplados com as bolsas. O presidente ainda citou "o prefeito Serra" em seu discurso e lembrou que o tucano já foi "líder estudantil, presidente da UNE".
Antes, Serra esperou pelo presidente na entrada do Centro de Exposições Imigrantes. De lá, foram para uma sala onde Lula bebeu água. Segundo políticos presentes, cada um ficou num canto.
Falando de seu exemplo pessoal no seu breve discurso, Serra disse que valoriza o financiamento do ensino superior. E, concordando com o que Lula dissera minutos antes no café, Serra contestou os que comparam os custos da educação superior com os do ensino fundamental para criticar projetos como o Prouni.
"O país tem que formar alunos de ensino superior. Nesse sentido quero me congratular com os alunos e com o governo por abrir essa possibilidade de financiamento para estudantes."
Levemente vaiado no início do discurso, Serra ouviu do presidente e do ministro da Educação, Tarso Genro, críticas sutis ao mandato de FHC.
Para Lula, "o Prouni rompe um ciclo perverso em que pais e mães de família sem estudo superior ocupam sempre os piores postos de trabalho e recebem sempre os menores salários".
Segundo Tarso, "houve na história recente do Brasil, nos últimos dez anos, uma proliferação do ensino privado". E isso provocou "boas, médias e más escolas", "muito menos por responsabilidade de mantenedores, muito mais de uma ausência de uma regulamentação" do Estado.
Lula e Tarso também aproveitaram para responder aos que criticam a política social do governo, em destaque com o início do Fórum Social Mundial. "Muitas vezes as pessoas perguntam por que não aconteceu antes. Antes, a gente não tinha a idéia maturada, a idéia planejada e agora temos."
Tarso Genro lamentou que muitos programas inéditos não tenham divulgação. E prometeu que "o governo não pára no Prouni. O Prouni é um ponto de partida imediato". "É um programa que orgulha seu governo e que orgulha a todo cidadão sério, de boa-fé, democrata e republicano no nosso país." Ele também reagiu aos que chamam de populista a política de cotas. "É republicana, inclusiva, democrática."


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