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Exército ostenta luxo no Haiti, diz ativista
DA ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O economista e ativista haitiano
Camille Chalmers defendeu ontem, no Fórum Social Mundial,
em Porto Alegre, uma presença
brasileira "totalmente diferente"
em seu país. Chalmers, secretário-executivo da Plataforma a Advogar pelo Desenvolvimento Alternativo do Haiti (PAPDA, em inglês), coalizão de organizações civis para a reconstrução do país,
acredita que a força de paz da
ONU liderada pelo Brasil é um
obstáculo ao debate interno sobre
o futuro da nação.
Chalmers diz que o balanço dos
sete meses de presença militar é
"totalmente negativo", sem melhora na segurança. "Não há comunicação entre estas forças e os
grupos sociais. A missão funciona
em círculos fechados e com um
nível de vida bastante luxuoso se
comparado à miséria do povo".
Ele diz que o gasto da ONU para
manter militares poderiam pagar
a construção de "três polícias nacionais". "É uma missão equivocada, que não parece buscar o restabelecimento do Haiti".
Para Chalmers, os brasileiros
estão se "mantendo decentes",
porque não usam violência para
reprimir a população. Mesmo assim, diz que a falta de comunicação com a população faz os soldados serem vistos muitas vezes como "militares em férias", afirma.
Para ele, o Brasil "quer mostrar
à ONU que é ativo e pode ganhar
um lugar no Conselho de Segurança", mas estaria deixando de
lado a chance de contribuir na resolução de "problemas de base".
"A experiência do Brasil nas
transformações industriais e na
área de tecnologia no campo seriam muito úteis na reconstrução
do Haiti. É isso que precisamos."
Como exemplo, o ativista citou
a ajuda de Cuba, que enviou 800
médicos ao país -que já teria resultado na queda nos índices de
mortalidade infantil e na oferta de
serviços de saúde básica.
No ano passado, Chalmers havia criticado o envolvimento dos
Estados Unidos na queda do então presidente, Jean-Bertrand
Aristide. Ontem, ele afirmou que
a intervenção da ONU é "humilhante" e disse acreditar que há
"uma clara manipulação dos governos da América Latina".
"No Haiti não há guerra. Os
problemas de segurança não são
globais e ocorrem em bairros de
Porto Príncipe".
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