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Fórum vê fome como maior problema
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva encontrará um terreno devidamente adubado para sua pregação em favor de um fundo global contra a fome e a pobreza, se
voltar ao assunto no encontro do
Fórum Econômico Mundial 2005,
do qual participa na sexta-feira.
Uma pesquisa instantânea feita
ontem com o público de Davos,
para determinar quais devem ser
as seis prioridades do planeta neste ano, apontou a "pobreza"
(combate a ela, claro) como a
principal, com 64,4% dos votos.
A segunda escolha tem parentesco: "globalização eqüitativa",
com 54,9% dos votos (cada votante deveria escolher seis prioridades). O público de Davos é majoritariamente formado por homens de negócio. A pesquisa de
ontem contabilizou exatamente
50% dos votantes como tais.
A votação se deu no marco de
uma mudança no formato do encontro este ano. Em vez de mesas
redondas, organizou-se o que foi
batizado de "town hall meeting"
("encontro na prefeitura"), comum nos Estados Unidos e mundialmente difundido em 2004, em
debates entre os candidatos George Walker Bush e John Kerry.
Os participantes receberam
uma lista de 12 prioridades para,
entre elas, escolher seis. As quatro
mais votadas foram todas sociais:
além de "pobreza" e "globalização eqüitativa", apareceram "mudança climática" (que não é propriamente social, mas ambiental),
com 51,2%, e "educação", com
43,9%. "Educação" não havia sido
listada pela organização. Foi incluída pelo público. Completam a
lista "Oriente Médio" (43,7%) e
"Governança Global" (43,2%).
É curioso que temas econômicos, que deveriam estar no topo
da lista dos executivos, tiveram
votação bastante baixa. "Economia mundial" recebeu 28,4% dos
votos e terminou em nono lugar.
Nos quatro dias restantes do encontro anual, os participantes discutirão, no formato "town hall
meeting", "quais iniciativas importam" para enfrentar os problemas prioritários, diz Ged Davis,
diretor-gerente do Fórum.
A aparente inclinação para o social de uma reunião da elite global
é, no entanto, desmentida por
certas escolhas: para apresentar o
tema "globalização eqüitativa",
foi escalado John Thain, presidente e executivo-chefe da Bolsa
de Nova York, espécie de epicentro da globalização em seu aspecto predominante -o financeiro.
Thain fez ardente defesa da globalização, citando que "muitos
continuam a ser deixados para
trás" (pela globalização). Foi preciso Daniel Vasella, presidente e
executivo-chefe da Novartis, laboratório suíço, falar de pobreza
para quantificar os "muitos":
"Três bilhões de pessoas vivem
com menos de US$ 2 por dia".
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