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Lula é risco para esquerda, dizem militantes
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
Durante um debate ontem sobre integração latino-americana,
no 6º Fórum Social Mundial em
Caracas, na Venezuela, militantes
da América Latina e dos Estados
Unidos questionaram o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu,
participante da atividade, e acusaram o governo de Luiz Inácio Lula
da Silva de ameaçar a esquerda
mundial pela "guinada à direita".
A interpelação mais agressiva
contra o governo brasileiro partiu
do norte-americano Richard
Allen, 47, que se identificou como
um "militante marxista". Ele
questionou o governo brasileiro
sobre sua participação na missão
da ONU (Organizações das Nações Unidas) no Haiti, a política
econômica do governo Lula, a reforma da Previdência e o assassinato da irmã Dorothy Stang no
Pará, em fevereiro de 2005.
Mais tarde, em entrevista, disse
que havia ido ao local apenas para
falar com Dirceu porque "é importante que ele saiba que não está prejudicando apenas seu partido, mas a esquerda do mundo todo". "Já acreditei no Lula, e agora
ele é como um novo [Tony] Blair
[primeiro-ministro inglês]."
Corda bamba
Também o peruano Alfonso
Sánchez, 41, trabalhador da construção civil e integrante do movimento Pátria para Todos, questionou Dirceu sobre os governos
da América Latina "obedecerem
às ordens de Washington".
O professor venezuelano Gilberto Geraldi manifestou apoio a
Lula, dizendo desejar que o brasileiro vença as eleições. Disse depois, no entanto, que o presidente
do Brasil "está na corda bamba",
o que pode prejudicar a esquerda
em todo o continente. "O povo é
sábio. Se segue nessa linha, o povo
pode castigá-lo, e ele pode cair. Se
cair, caímos todos", afirmou.
O americano Allen acusou o
Brasil de desrespeitar os direitos
humanos no Haiti, "ajudando os
EUA a fazerem seu trabalho sujo"
por lá e criticou o pagamento antecipado da dívida com o Fundo
Monetário Internacional.
Dirceu respondeu aos questionamentos defendendo o governo,
argumentando que há limitações
reais para mudanças e afirmando
que não é possível "criticar sem
analisar a realidade do país". O
ex-ministro afirmou ver as críticas como "parte da democracia".
O assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, presente ao fórum, disse haver "um nível
de desinformação muito grande"
em relação ao governo Lula.
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