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GOVERNO
Agências oficiais de crédito cortam seus recursos
Falta dinheiro para o mutirão anticrise
da Sucursal de Brasília
Falta dinheiro
nas principais
instituições oficiais de crédito
para promover
o mutirão desenvolvimentista anunciado
pelo governo federal, que visa
compensar o efeito das altas taxas
de juros na economia e atenuar a
recessão.
O BNDES deverá reduzir em 1999
seu orçamento de investimentos,
que ultrapassou R$ 18 bilhões no
ano passado, apurou a Folha.
Os empréstimos do banco são
sustentados com dinheiro do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador), retorno de investimentos e
recursos captados no exterior. Essa última fonte deve secar por conta da desvalorização do real.
O BNDES ainda é a maior fonte
de empréstimos a custo baixo. A
maioria dos empréstimos é paga
com juros da TJLP (Taxa de Juros
de Longo Prazo), que atualmente
está em 12,84% ao ano.
O Banco do Brasil, que também
deverá participar do esforço para
financiar investimentos e gerar
empregos, disporá neste ano de
cerca de R$ 15 bilhões na carteira
de empréstimos à produção.
²
Reunião
Ao anunciar a iniciativa anticrise
do governo, o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, disse
que o montante de recursos seria
"muito expressivo".
Os cálculos só deverão ser feitos
amanhã, na primeira reunião de
ministros coordenada por Celso
Lafer, titular da nova pasta do Desenvolvimento.
Ontem, em seu programa semanal de rádio, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que
empréstimos de R$ 4 bilhões para
a construção de moradias deverão
assegurar, neste ano, a geração de 1
milhão de empregos.
É mais empregos do que a campanha de FHC prometia gerar, em
quatro anos de governo, com programas na área de desenvolvimento urbano.
²
Fundos
O governo federal tem pequena
margem de manobra no FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) para poder financiar a iniciativa privada.
As maiores fatias do fundo destinam-se ao pagamento do seguro-desemprego (R$ 4,7 bilhões) e ao
BNDES (cerca de R$ 2 bilhões).
Os recursos que serão ainda distribuídos a programas de geração
de emprego e de melhoria da competitividade são de R$ 1,5 bilhão
para este ano.
No caso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o orçamento deste ano é de R$ 4 bilhões. Por causa do ajuste fiscal, o
governo decidiu congelar R$ 1,724
bilhão na parte que é destinada a
Estados e municípios. Motivo: limitar o endividamento público.
Assim, sobram R$ 1,956 bilhão
para financiar o setor privado na
área de habitação e R$ 320 milhões
para a área de saneamento.
Do total destinado à habitação,
apenas R$ 240 milhões serão destinados às construtoras porque a
orientação dada pelo conselho
consultivo do fundo é privilegiar o
financiamento direto ao consumidor final, por meio da carta de crédito.
Esse instrumento vem sendo
pouco usado por causa das altas taxas de juros. Os empréstimos são
atrelados à TR (Taxa Referencial),
que reflete o movimento dos juros.
No caso dos recursos para a área
de saneamento, o orçamento foi
aprovado em dezembro e as regras
de financiamento ao setor privado
podem ser alteradas depois que
passarem pelo aval do conselho.
²
No rádio
FHC disse também que 3,42 milhões de brasileiros conseguiram
realizar o sonho da casa própria
nos últimos quatro anos com financiamentos da CEF (Caixa Econômica Federal).
Relatório da Secretaria de Política Urbana registra que os programas de habitação popular, para famílias com renda de até R$ 1.560,
beneficiaram 1,115 milhão de famílias. Nesse total estão incluídas,
além da construção e aquisição da
casa própria, melhorias e ampliação de moradias.
A Caixa Econômica Federal também financia moradia para a classe
média (com rendas mensais acima
de 12 salários mínimos), mas esse
resultado foi de apenas 70.750 unidades habitacionais de 1995 a 1998.
FHC afirmou que R$ 4 bilhões
que serão emprestados neste ano
para a construção de moradias.
"Temos dado e vamos continuar
dando prioridade às famílias de
baixa renda", afirmou o presidente
no programa.
A habitação popular deverá ter
apenas R$ 1,956 bilhão em recursos do FGTS. Outros R$ 440 milhões do orçamento do fundo para
o setor público foram contingenciados. A CEF vai destinar mais R$
1,6 bilhão para empréstimos à classe média.
As altas taxas de juros podem
tornar os financiamentos inacessíveis à maior parte da população,
prevê o representante da Central
Única dos Trabalhadores no conselho curador do fundo, José Olívio Miranda.
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