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MINISTÉRIO PÚBLICO
Escolha de novo chefe dos promotores e procuradores de SP expõe preferências políticas entre candidatos
Disputa tucana invade eleição da Promotoria
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa entre o governador
Geraldo Alckmin e o prefeito José
Serra para definir o nome que
concorrerá pelo PSDB à Presidência da República contaminou a
eleição do Ministério Público de
São Paulo, marcada para o próximo dia 25 de março.
Três dos quatro candidatos à
chefia de 1.492 promotores e de
202 procuradores do Estado dizem que votaram no PSDB nas
duas últimas eleições e que preferem Alckmin a Serra como candidato à sucessão presidencial.
Caberá ao governador a escolha
final do novo procurador-geral. A
opção será feita a partir de uma
lista tríplice com os mais votados.
O único entre os concorrentes
que não revelou seu voto nem
partido de preferência foi Rodrigo
César Rebello Pinho, que se afastou da Procuradoria Geral na
quarta-feira para participar da
campanha à reeleição -como
exige a Lei Orgânica do órgão.
"Um procurador não deve emitir juízo de valor sob o risco de, no
futuro, ser autor de alguma ação
contra o político", diz Pinho.
Seus adversários, que declararam voto no PSDB, são o ex-corregedor-geral Carlos Henrique
Mund, o ex-diretor da Escola Superior do Ministério Público Luís
Daniel Pereira Cintra e o procurador René Pereira de Carvalho. O
mais enfático apoio a Alckmin
parte de Mund: "Alckmin fez uma
gestão impar, moderna e transparente. O país precisa de um grande gestor". Mund tem dito aos
mais próximos que conta com o
aval do governador.
Esse apoio teria sido costurado
pelo promotor afastado e secretário estadual da Segurança Pública,
Saulo de Castro Abreu Filho, ferrenho opositor de uma eventual
reeleição de Pinho. A divergência
entre os dois se acentuou depois
que o procurador-geral denunciou Saulo (acusou formalmente
na Justiça) por abuso de poder.
Correligionários de Alckmin
negam qualquer envolvimento do
governador com a eleição do Ministério Público e reafirmam o
bom relacionamento dele com o
procurador-geral afastado.
O principal sustentáculo da candidatura de Pinho vem do secretário municipal de Negócios Jurídicos, Luiz Antônio Marrey, que
foi três vezes procurador-geral e
ainda exerce uma grande influência entre os antigos colegas.
Cintra representa uma candidatura avulsa. "Não estou ligado ao
grupo A nem ao grupo B."
René de Carvalho já participou
de outras duas eleições para procurador-geral. É chamado pelos
amigos de "René Peteca" -apelido que ganhou após divergir de
um procurador-geral, que o
transferiu para diversas cidades.
"Minhas propostas são as mesmas das eleições anteriores."
Perfis e objetivos
Os quatro candidatos têm visões diferentes sobre assuntos polêmicos. Por exemplo, a decisão
do Tribunal de Justiça de São Paulo de absolver o coronel da reserva
da Polícia Militar e deputado estadual Ubiratan Guimarães no caso
conhecido como massacre do Carandiru. Um eventual recurso
contra a decisão do TJ vai depender do novo procurador-geral.
Na semana passada, Mund havia dito que a decisão do TJ de absolver o coronel estava correta.
"Eu não ousaria discutir uma decisão do Tribunal de Justiça,
maior corte do Estado de São
Paulo". Dias depois, recuou e disse que, se eleito, irá recorrer.
"Quando falei em "tribunal", eu
me referia ao do júri [que condenou], não ao TJ [que absolveu]."
Pinho e Carvalho dizem ser
obrigação recorrer a instâncias
superiores para tentar mudar a
decisão. Para Cintra, o tema é delicado. "Suponho que tenha sido a
decisão adequada", afirma.
Outro tema que divide os candidatos é o caso de Thales Ferri
Schoedl, promotor que matou
um jovem em 2004 -ele havia sido afastado do órgão, mas voltou
por ordem do TJ. Pinho disse que
Schoedl deve se afastar do cargo.
Mund, que é testemunha de defesa na ação por homicídio, disse
que Schoedl atirou em legítima
defesa e que deve retornar à instituição. Cintra e Carvalho tergiversaram e evitaram se manifestar.
Conflitos
Sobram ainda pontos de atrito
entre os concorrentes. Quando
era corregedor-geral, Mund representou contra Carvalho por
suposto enriquecimento ilícito
-Pinho pediu o arquivamento
por falta de provas. Carvalho, por
sua vez, representou contra
Mund por abuso de poder -a investigação corre sob sigilo.
Cintra enfrentou uma contenda
com Pinho em 2005, após oferecer aos promotores um final de
semana em Angra dos Reis (RJ),
pago por uma associação de seguros. Dias antes, o Ministério Público tinha denunciado uma seguradora. Pinho vetou o passeio.
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