São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

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Pepebista diz que dinheiro da privatização da Elektro iria para campanha tucana em SP
Maluf usa Cesp no discurso anti-Covas

MARCELO PEDROSO
da Folha Vale

O pré-candidato ao governo do Estado pelo PPB, Paulo Maluf, acusou ontem o governo do Estado de tentar forçar a privatização da Elektro -empresa criada para operar a área de distribuição de eletricidade da Cesp (Companhia Energética de São Paulo)- com o objetivo de arrecadar fundos para a campanha do PSDB em São Paulo. A acusação foi feita durante a visita de Maluf a Lagoinha (225 km de São Paulo), no Vale do Paraíba. "A pressa com que o mercado viu essa privatização indicava muito mais um interesse de arrecadar fundos para a campanha eleitoral do PSDB do que, na verdade, uma recaída, que o PSDB nunca teve, pelas privatizações." O leilão de privatização da empresa estava previsto para acontecer no dia 18 de março, mas foi cancelado pelo governo na semana passada após parecer contrário da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). "Uma coisa é privatização. Outra coisa completamente diversa é a doação de empresas públicas a cartéis privados. Eu acho que a CVM fez muito bem em sustar a maneira pela qual se tentaria fazer a privatização da Elektro porque prejudicaria os acionistas minoritários." A CVM não sustou o leilão, apenas apresentou parecer contrário à sua realização. Sinalização
Esse é o primeiro sinal de que o tema privatização da Cesp vai entrar na agenda eleitoral deste ano, em especial porque o cronograma da venda do setor elétrico foi atrasado -dando "sobrevida" ao assunto na mídia. Para Maluf, com a atitude, o governador Mário Covas (PSDB) está contrariando o que o ex-prefeito paulistano chama de postura antiprivatizações. "Como todo mundo se recorda, o então senador Mário Covas foi contra a privatização da Companhia Docas de Santos e contra todas as privatizações existentes no país." Segundo Maluf, o governo tucano estaria sofrendo de uma "síndrome de recaída". "Esta recaída rápida pela privatização indica muito mais um interesse em torrar dinheiro, recursos, doar uma poupança acumulada durante um século de suor, lágrimas e trabalho do povo paulista em uma campanha eleitoral. Se isso acontecer, eu diria que, no mínimo, é uma postura ignominiosa do atual governo paulista." O ex-prefeito visitou ontem sete cidades do Vale do Paraíba em campanha. Hoje, eles passa por outros quatro municípios da região. Nas cidades por onde passa, Maluf ouve pedidos de políticos e promete, caso seja eleito, incluir as reivindicações em seu programa de governo. Coligação
Em relação a uma suposta coligação com o PFL nas eleições deste ano, Maluf afirmou estar disposto a oferecer benefícios políticos em troca do apoio partidário. "O PFL, ao que me consta, procura de uma maneira muito democrática a alternativa de um candidato próprio. Cada partido deve procurar seu candidato. Agora, caso o candidato escolhido não disponha de prestígio, sem um número de votos suficientes, o caminho indicado é a coligação." Maluf disse que, em caso de coligação, o PFL ficaria com o cargo de vice-governador e com o apoio do PPB para o candidato ao Senado. O PFL tem como um dos nomes fortes ao cargo de vice Cláudio Lembo -presidente do diretório estadual do partido. Luiz Carlos Santos, ministro de Assuntos Políticos, é outro nome forte na disputa. O ex-ministro da Agricultura Antônio Cabrera Mano Filho seria um dos cotados à candidatura ao Senado. Justiça
Maluf não quis se pronunciar sobre a eleição de Luiz Antonio Marrey no Ministério Público. "A indicação de Luiz Antonio Marrey à Procuradoria de Justiça é uma atribuição interna do Estado de São Paulo, portanto não cabe a mim comentar."



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