São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

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"Floresta é um ativo de baixíssimo valor econômico", afirma ruralista

Ministério do Meio Ambiente diz que afirmação é inaceitável e irresponsável

Marlene Bergamo - 4.mar.08/Folha Imagem
Policiais e fiscais destroem forno em Tailândia (PA) durante ação de combate ao desmatamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presidente da comissão de meio ambiente da principal entidade sindical ruralista, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Assuero Veronez diz que o avanço da pecuária na Amazônia e a derrubada de madeira é uma resposta do setor ao "baixíssimo" valor econômico da floresta.
"A floresta é um ativo de baixíssimo valor econômico e, de outro lado, há uma atividade econômica que dá retorno e dá renda. Você não pode desconsiderar que a pecuária é uma atividade econômica rentável. A Amazônia tem uma vocação extraordinária para a pecuária."
Segundo Veronez, não há relação entre desmatamento e pecuária com a violência no campo. "Acho que não dá para fazer essa relação direta. Os casos de violência estão em todas as atividades econômicas numa região onde falta Estado. Se a pecuária é a principal atividade naquela região, estatisticamente tem que ocorrer alguma coisa com relação a essa atividade. Não consigo estabelecer uma conexão direta", diz.
Confrontado com a afirmação de Veronez sobre o valor da floresta, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, contra-atacou. "Não há justificativa para agir de forma ilegal, com violência, com desagregação social, cultural e ambiental. Esse argumento é inaceitável."
Para a CNA, o governo tem se preocupado apenas em "constranger" e "intimidar" os produtores da região amazônica, sem encontrar soluções para a demanda de crescimento local, como a situação das famílias levadas para lá pelo próprio governo, nos anos 70 e 80.
De acordo com Capobianco, a correlação entre desmatamento e a violência no campo é "absolutamente direta". Sobre os ataques da CNA ao governo, ele diz: "Sempre que você não tem como justificar um ato, primeiro você culpa alguém, quase sempre o governo", afirma.


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