São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Preços não caíram com fim da CPMF, diz Lula

Presidente afirma que sua política econômica não é só continuidade e elogia "empresários que não tiveram medo do Lula'

Em evento no Rio, petista diz que o Brasil está em um "caminho sustentável" e fez críticas ao protecionismo dos países desenvolvidos

JANAINA LAGE
ROBERTO MACHADO

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem a queda nos preços em razão do fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Ele criticou o fim do imposto do cheque e afirmou que a perda na arrecadação, estimada em R$ 40 bilhões/ano, prejudicou o PAC da Saúde.
"Não vi nenhum produto reduzir de preço depois que acabou a CPMF, me parece que não foi passado para o custo do produto os 0,38%. Parece que aumentou apenas nos ganhos daqueles que pagavam CPMF porque muita gente ainda teima em acreditar que o Estado tem que ser fraco", afirmou, em discurso no 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no Rio.
De acordo com o presidente, o Estado fraco não governa e prejudica os mais pobres. Segundo ele, essa parcela da população não é organizada para reclamar, não vai a Brasília nem faz lobby e é a que mais depende de políticas públicas.
O presidente destacou os esforços do governo para dinamizar a economia com as obras do PAC e a nova política industrial, mas disse que diversos itens dependem agora do Congresso, como o projeto de emenda da reforma tributária.
"Cabe agora a congressistas, governadores e prefeitos e a agentes econômicos e sociais fazerem a sua parte e mudarem a rotina do calendário em ano eleitoral", disse. Citou ainda a necessidade de aprovação das mudanças na lei das licitações e no novo sistema brasileiro de defesa da concorrência.

Crescimento
Lula rebateu as críticas de que a política econômica atual representa só a continuidade da adotada no governo anterior e que o país tem sido beneficiado pelo cenário internacional.
Segundo ele, a sorte não teria sido suficiente para colocar o país no patamar atual. Lula afirmou que a economia cresce a um ritmo de 5% ao ano e que o país está num "caminho sustentável"-crescimento acompanhado de inclusão social.
Para o presidente, o momento atual da economia foi sonhado por muitos. "Os empresários que acreditaram na economia brasileira e fizeram investimentos, os empresários que não tiveram medo do Lula e não fugiram para Miami", disse, em referência a uma declaração do ex-presidente da Fiesp Mário Amato que, em 1989 afirmara que, se Lula fosse eleito presidente, 800 mil empresários deixariam o país em direção à cidade dos EUA.

Protecionismo
Para Lula, a geografia mundial está em processo de mudança, o que deve beneficiar os países emergentes. "Vários países em desenvolvimento estão crescendo a um ritmo mais vigoroso do que as economias tradicionais. Com isso, o elevador social começa a funcionar."
Neste cenário, num futuro próximo, as economias emergentes deverão se tornar responsáveis por metade da taxa de crescimento da economia mundial, segundo Lula.
"Os subsídios e o protecionismo agrícola que semeiam obstáculos no caminho da Rodada Doha são também os principais fatores que estimulam a inflação mundial dos alimentos. (...) A barreira protecionista é um muro de indiferença que as nações desenvolvidas erguem para perpetuar a miséria nas nações pobres", disse.
Lula comparou os países desenvolvidos, como Suécia, à casa de um recém-casado que voltou de lua-de-mel, em que tudo está no lugar. "O Brasil é uma casa de um casal que já tem dez filhos que brigam entre si."


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