DA REDAÇÃO

O Plano Real foi muito festejado no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, que citava os novos hábitos de consumo como sinais de seu êxito.
No primeiro ano do plano, FHC elegeu o frango como "símbolo" do Real. No segundo, o iogurte. Depois veio a dentadura. O declínio já era visível em 1998, quando o presidente optou pelas "mudanças na infra-estrutura".
Em julho de 1995, o governo promoveu uma grande festa em Brasília, que incluía desde donas-de-casa, como Lúcia Pacífico, a sambistas como Martinho da Vila. Um painel reproduzia uma nota de R$ 1 com a frase: "Real, isto é só o começo".
Em 1996, o otimismo diminuiu um pouco. Em 30 de junho, FHC recebeu estudantes no Alvorada para conversar sobre o Real. A primeira-dama, Ruth Cardoso, cortou um bolo comemorativo. Nem tudo, porém, corria bem: a padaria que FHC havia visitado em julho de 1994 havia falido. O presidente acabou indo noutra padaria para tomar café e comer pãozinho.
Em 1997, o PSDB adiou a festa de aniversário do partido para coincidir com a do Real. Sérgio Motta puxou o "Parabéns a você!", e os presentes lançaram FHC como candidato à reeleição. FHC e Ruth almoçaram no Alvorada com 12 pessoas do "povo". Uma dona-de-casa presente criticou muito o governo.
Em 1998, em campanha pela reeleição, outra enorme festa: "O Brasil após o Real é outro, um país livre para crescer e ser feliz", disse o ator Paulo Autran. A festa, que custou R$ 150 mil, foi organizada pela Propeg, agência ligada a ACM. FHC fez fotos beijando crianças que levavam um bolo com o formato da nova moeda de R$ 1, recém-lançada.
A comemoração de 1999 foi melancólica: nem festa, nem visita a padarias. Houve apenas uma solenidade no Planalto, na qual FHC disse que o "povo" era a verdadeira âncora do Real. No ano passado, não houve festa. FHC só fez um discurso no dia 4 pedindo paciência à população.


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