|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministério Público apura eventual crime de delegado
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal vai
apurar se a Polícia Federal cometeu os eventuais crimes de falsificação de documentos, de prevaricação e de uso indevido de interceptação telefônica no inquérito
que apurou a morte do prefeito
Celso Daniel (Santo André), ocorrida em janeiro deste ano.
Na edição de ontem, a Folha informou que a PF afirma ter pedido a interceptação telefônica do
prefeito de Santo André, João
Avamileno, e de pessoas ligadas à
administração petista na cidade
sem saber a quem pertenciam os
telefones interceptados.
O assessor de imprensa da superintendência paulista da Polícia
Federal, delegado Gilberto Tadeu
Vieira Cezar, disse anteontem que
a PF omitiu do Judiciário o fato de
que as interceptações seriam usados nas investigações sobre a
morte de Daniel por "problema
de formatação do ofício" enviado
ao juiz-corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais,
Maurício Lemos Porto Alves.
Ontem, os procuradores regionais da República Mário Luiz
Bonsaglia, Ana Lúcia Amaral e
Luiza Cristina Fonseca Frischeisen enviaram uma representação
ao Grupo de Controle Externo da
Atividade Policial do Ministério
Público Federal para pedir que o
grupo investigue o assunto.
"Causa estranheza, merecendo
os devidos esclarecimentos, a circunstância de ter a Polícia Federal
solicitado tal autorização [de interceptação telefônica" à Justiça
Estadual, em detrimento da competência da Justiça Federal", escreveram os procuradores.
Improbidade
O procurador Pedro Barbosa
Neto fez outra representação à
Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão para pedir que seja apurada eventual prática de improbidade administrativa por autoridades da PF. "Sendo comprovadas as informações publicadas
pela imprensa, é possível que a
Polícia Federal tenha atuado não
como órgão de Estado, mas como
órgão de governo", disse.
O procurador André de Carvalho Ramos, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão,
disse que irá instaurar inquérito
civil para apurar o caso.
Segundo ele, todas as pessoas
têm o direito de ser investigadas
pelo órgão competente e de acordo com o devido processo legal.
"Somente se admite a quebra de
sigilo telefônico se as regras constitucionais forem observadas. A
PF terá de explicar se houve respeito aos direitos constitucionais
das pessoas investigadas."
Em tese, os delegados que atuaram no caso podem ser acusados
de improbidade administrativa.
A assessoria de imprensa da PF
informou que não comentaria os
pedidos do Ministério Público.
Texto Anterior: Presidente quer evitar vazamento de grampo Próximo Texto: Juiz-corregedor se recusa a falar Índice
|