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JANIO DE FREITAS
A novidade
Para quem ainda não sabe,
é melhor avisar que os brasileiros são o povo mais politizado
do mundo. Adoram partidos.
Mas partidos fortes, audaciosos,
dominadores.
Na maior parte do século 20,
imperou o PM, Partido dos Militares. Nem sempre precisou
ocupar diretamente o trono.
Nesses períodos, decidia os rumos do poder político com exibições de veloz eficácia, chamadas
de golpes - palavra de duplo
sentido, aplicáveis, ambos, com
muita propriedade ao caso.
Já o século se encaminhando
para o fim, o Partido dos Militares, exaurido, foi forçado a sair
de cena, mas nem a sigla se perdeu. Já na primeira eleição presidencial direta, o antigo PM
era substituído pelo novo PM,
que nada ficou devendo em eficiência decisiva ao antecessor. O
Partido da Mídia veio para ficar: elegeu Collor, derrubou
Collor, elegeu Fernando Henrique, reelegeu Fernando Henrique. O que também pode ser lido assim: derrotou Lula, derrotou Lula, derrotou Lula. Sobre o
seu propósito atual será bastante dizer que Lula é candidato
outra vez.
A presente disputa eleitoral
traz, porém, uma novidade produzida pelo gosto brasileiro por
partidos fortes. Chama-se PF.
Na denominação de origem, Polícia Federal. De São Luís, lá em
cima, a Santo André, cá em baixo, que a sigla recebeu novo significado: Partido dos Federais.
E assim se completou a substituição do velho PM.
O Partido da Mídia faz a onda, à maneira mesma de sua
ação para criar as ilusões do
Brasil Grande e da Ilha de Prosperidade, cuja versão atual são
as ilusões da estabilidade e da
boa administração. Assim como
para o lugar do outrora "perigo
de comunização" trouxeram o
"perigo de argentinização".
Já o Partido dos Federais faz a
outra parte: espionagem e escutas telefônicas ilegais, denúncias
suspeitas e trapaças em inquéritos, invasões sem os procedimentos legais e mentiras que
pretendem acobertar as ações
fora da lei.
Só em um país que adore partidos fortes e à margem da ética
e da lei a imprensa aceita, sem
reação, o cinismo com que, em
nota oficial e em explicações de
um pretenso assessor de imprensa, tentaram tapeá-la e fazer
com que tapeie (mais?) os leitores/espectadores. Entidades representativas de jornalistas e da
mídia, onde haja consciência de
cidadania, já teriam exigido
afastamentos, explicações decentes e outras providências.
Não tem esse pequeno e teimoso partido chamado PT de
incluir o ministro Miguel Reale
Jr. em possíveis depoimentos na
Câmara, e nem mesmo auxiliares por ele nomeados. Miguel
Reale Jr. não autorizou, nem
imaginável que as permitisse se
delas soubesse, as ilegalidades
de policiais federais a pretexto
do assassinato de Celso Daniel.
Convocado deve ser Agílio
Monteiro Filho, diretor dos federais tanto ao tempo do episódio de São Luís como por ocasião das trapaças no inquérito
em Santo André. Não por acaso,
o ministro da Justiça também
foi o mesmo nos dois casos,
Aloysio Nunes Ferreira.
Ah, sim, se houver dificuldade
de localizar o substituído Agílio
Monteiro Filho, pode ser encontrado em Belo Horizonte, fazendo campanha para deputado e
para os candidatos do PSDB ao
governo mineiro e à Presidência.
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