São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Principal estratégia é levar o PPB a apoiar Rosinha no Rio

Sem alarde, PSDB incentiva Garotinho para frear Ciro

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem alarde, o PSDB está incentivando a candidatura à Presidência do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB). A eventual desistência do candidato socialista poderia não só ameaçar o segundo turno da eleição, como encorpar desde já o nome de Ciro Gomes (PPS).
O principal movimento nesse sentido é a articulação para levar o PPB a apoiar a candidata Rosinha Matheus, mulher de Garotinho, ao governo do Rio -negociação conduzida pelo ex-ministro do Trabalho Francisco Dornelles, com o aval do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Além de manter Garotinho na disputa, os tucanos também procuram desde já assegurar o apoio do ex-governador num eventual segundo turno. Não foi à toa que Serra defendeu a manutenção de sua candidatura, considerando-a "representativa". Um aceno.
A "mãozinha" tucana a Garotinho não é nova, mas se intensificou nos últimos dias depois que a campanha de José Serra detectou que o "efeito Patrícia Pilar" nas sondagens de opinião é bem maior do que o imaginado.
As campanhas fazem pesquisas diárias para medir as oscilações do humor do eleitor. O "recall" (eleitores que lembram do que viram no dia anterior na TV) dos programas nos quais a atriz apareceu fazendo propaganda de Ciro foi muito alto.
Isso se refletiu imediatamente nas pesquisas de opinião divulgadas nesta semana. Na última delas, do Instituto Vox Populi, Ciro cresceu sete pontos percentuais, aproximando-se ameaçadoramente de Serra, que até então isolara-se no segundo lugar.
Mas a avaliação dos analistas das campanhas é que o "efeito Patrícia" ainda não teria sido inteiramente captado. Sondagens feitas por telefone indicariam que as curvas de Serra (descendente) e Ciro (ascendente) já teriam se encontrado. Garotinho teria despencado para o quarto lugar.
O problema, para o PSDB, é que os votos de Garotinho ajudaram a engordar Ciro. A eventual desistência do candidato do PSB, agora, poderia levar o nome de Ciro para o segundo lugar, numa época em que todos os candidatos ficarão sem programas de TV.
Por meio de dois interlocutores, pelo menos, Garotinho informou ontem à campanha de Serra que não há hipótese de ele renunciar à indicação, apesar da intensa pressão de setores do PSB, cuja Executiva Nacional reúne-se hoje em Brasília e deve ratificar sua candidatura presidencial.

Alianças regionais
Ciro disse ontem no Rio, após almoço com o ex-governador Leonel Brizola (PDT), que o eleitor entenderá as alianças regionais que os partidos da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) estão fazendo com opositores no plano nacional. Ele se referia ao apoio do PPS ao tucano Aécio Neves em Minas e a Jarbas Vasconcelos (PMDB) em Pernambuco.
"Se houver dignidade no encaminhamento, o eleitor entende. Se tiver oportunismo, repudia."
Ciro diz que ainda falta resolver o posicionamento dos partidos em São Paulo, mas nega ter negociado com Paulo Maluf (PPB).


Colaborou MURILO FIUZA DE MELO, da Sucursal do Rio



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