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Mercado tenso faz
Ciro impedir veto a
doação de bancos
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma tentativa de tranquilizar o mercado financeiro quanto
à sua subida nas pesquisas de opinião, o candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes,
afirmou a seus aliados que não serão vetadas contribuições de bancos à sua campanha.
Na avaliação de Ciro, tal veto,
divulgado por seu coordenador-geral de campanha, José Carlos
Martinez, poderia provocar no
mercado a impressão de que seu
eventual governo pretende promover uma ruptura ou um enfrentamento com o setor.
A preocupação foi transmitida
durante reunião com a coordenação da campanha realizada anteontem em Brasília, quando o
dólar foi negociado na maior parte do dia por mais de R$ 3, uma
marca inédita, tendo chegado ao
valor de R$ 3,031.
A moeda americana fechou o
dia, anteontem, cotada a R$ 2,995,
uma alta de 1,66% que representou novo recorde do dólar pelo
quarto dia consecutivo no real.
No mesmo dia, também o risco
Brasil, medido pelo banco JP
Morgan, bateu seu recorde e fechou em 1.849 pontos, o que representou uma subida de 5,6%.
Rumores sobre o crescimento
de Ciro nas pesquisas e sobre a
queda de José Serra (PSDB) contribuíram para o descontrole dos
índices. Essa expectativa acabaram sendo confirmada por pesquisas divulgadas após o fechamento dos mercados. Ontem, o
dólar fechou a R$ 3,015.
De acordo interlocutores de Ciro presentes à reunião, na avaliação do candidato do PPS, por ser
uma instituição sensível, o mercado não deverá ser submetido a esse tipo de informação.
A declaração do presidenciável
demonstra preocupação com o
mercado financeiro, um comportamento que ele tem procurado
evitar publicamente.
Quando questionado sobre o
que fazer diante do possível nervosismo do sistema financeiro
diante de sua subida nas pesquisas, já chegou a recomendar, em
tom irônico, que o mercado tomasse ""maracujina", um calmante de origem natural.
A mudança de atitude coincide
não só com a consolidação de seu
segundo lugar isolado nas pesquisas, conforme levantamentos recentes, mas também com a divulgação de que ele hoje venceria
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no
segundo turno da eleição.
Esse novo dado, aliás, deverá ser
um dos argumentos utilizados
pela campanha na tentativa de arrecadar fundos.
Em entrevista à Folha, Martinez
havia declarado que o veto aos
bancos teria sido uma imposição
do próprio candidato. ""Vamos
mexer na política financeira que
temos hoje no Brasil e por isso
não queremos compromisso com
o sistema que está aí", disse o deputado na ocasião.
Na eleição de 1998, do R$
1.018.591,73 obtido pela campanha do ex-governador cearense,
R$ 363.500, o equivalente a
35,68%, foram doados por três
bancos brasileiros.
Embora digam que não haverá
"correria" em direção aos bancos,
integrantes da Frente Trabalhista
afirmaram que o setor também
deverá ser procurado.
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