São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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Mercado tenso faz Ciro impedir veto a doação de bancos

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma tentativa de tranquilizar o mercado financeiro quanto à sua subida nas pesquisas de opinião, o candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, afirmou a seus aliados que não serão vetadas contribuições de bancos à sua campanha.
Na avaliação de Ciro, tal veto, divulgado por seu coordenador-geral de campanha, José Carlos Martinez, poderia provocar no mercado a impressão de que seu eventual governo pretende promover uma ruptura ou um enfrentamento com o setor.
A preocupação foi transmitida durante reunião com a coordenação da campanha realizada anteontem em Brasília, quando o dólar foi negociado na maior parte do dia por mais de R$ 3, uma marca inédita, tendo chegado ao valor de R$ 3,031.
A moeda americana fechou o dia, anteontem, cotada a R$ 2,995, uma alta de 1,66% que representou novo recorde do dólar pelo quarto dia consecutivo no real. No mesmo dia, também o risco Brasil, medido pelo banco JP Morgan, bateu seu recorde e fechou em 1.849 pontos, o que representou uma subida de 5,6%.
Rumores sobre o crescimento de Ciro nas pesquisas e sobre a queda de José Serra (PSDB) contribuíram para o descontrole dos índices. Essa expectativa acabaram sendo confirmada por pesquisas divulgadas após o fechamento dos mercados. Ontem, o dólar fechou a R$ 3,015.
De acordo interlocutores de Ciro presentes à reunião, na avaliação do candidato do PPS, por ser uma instituição sensível, o mercado não deverá ser submetido a esse tipo de informação.
A declaração do presidenciável demonstra preocupação com o mercado financeiro, um comportamento que ele tem procurado evitar publicamente.
Quando questionado sobre o que fazer diante do possível nervosismo do sistema financeiro diante de sua subida nas pesquisas, já chegou a recomendar, em tom irônico, que o mercado tomasse ""maracujina", um calmante de origem natural.
A mudança de atitude coincide não só com a consolidação de seu segundo lugar isolado nas pesquisas, conforme levantamentos recentes, mas também com a divulgação de que ele hoje venceria Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição.
Esse novo dado, aliás, deverá ser um dos argumentos utilizados pela campanha na tentativa de arrecadar fundos.
Em entrevista à Folha, Martinez havia declarado que o veto aos bancos teria sido uma imposição do próprio candidato. ""Vamos mexer na política financeira que temos hoje no Brasil e por isso não queremos compromisso com o sistema que está aí", disse o deputado na ocasião.
Na eleição de 1998, do R$ 1.018.591,73 obtido pela campanha do ex-governador cearense, R$ 363.500, o equivalente a 35,68%, foram doados por três bancos brasileiros.
Embora digam que não haverá "correria" em direção aos bancos, integrantes da Frente Trabalhista afirmaram que o setor também deverá ser procurado.



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